5 motivos que explicam a eliminação do Brasil na Copa América 2024
- Seleção se despediu do torneio após três empates em quatro jogos
- País tinha sido finalista nas duas últimas edições
Por Bia Palumbo
Fora da Copa América, a Seleção Brasileira volta a campo apenas em setembro. Afinal, caiu logo no primeiro mata-mata após uma atuação abaixo das expectativas na primeira fase - terminou em 2º lugar no grupo que tinha Colômbia, Costa Rica e Paraguai.
Desde o último título, em 2019, o Brasil colecionou uma série de resultados negativos, como perder a final da Copa América 2021 para a arquirrival Argentina em pleno Maracanã, a queda para a Croácia em 2022 e o início ruim nas Eliminatórias para 2026, com 47% de aproveitamento desde 2023.
A preparação para o principal torneio de seleções do continente começou no início de junho, na Flórida, com o grupo completo a partir do dia 5 na região de Orlando. Foram dois amistosos contra México e EUA antes da estreia, no dia 24. Por estar no grupo D a equipe canarinho foi a última a estrear considerando os favoritos, como Argentina, Colômbia e Uruguai.
Portanto, foram cerca de três semanas de treinamento e apesar do técnico Dorival Jr falar em evolução, pouco se viu dentro de campo - e também faltou precisão nos pênaltis, inclusive com bola rolando, visto que Paquetá chutou longe uma das cobranças contra o Paraguai.
Na Era Dorival Jr, que assumiu em janeiro, são três vitórias e cinco empates em oito jogos, o equivalente a 58,3% de aproveitamento, com 13 gols marcados e oito sofridos.
A invencibilidade continua, mas a campanha com uma vitória em quatro jogos, superando apenas o Paraguai (lanterna da chave) decepcionou. Confira a seguir uma análise sobre como foi o desempenho da seleção em 2024:
1. Desequilíbrio no elenco
Um dos assuntos mais comentados antes mesmo da bola rolar foi a convocação. Ao todo foram chamados oito atacantes, sendo que apenas um deles tem uma característica de atuar mais dentro da área, Evanílson, autor de 25 gols na temporada 2023/24. O cearense, no entanto, atuou por apenas três minutos contra o Uruguai, entrando já nos acréscimos. Foi acionado justamente na tentativa do "abafa" para tentar o gol que evitaria os pênaltis. Já Pepê sequer foi utilizado no torneio, mostrando que a vaga poderia ter sido ocupada por um atacante com outras características um centroavante de ofício. O próprio capitão Danilo citou que "nos falta jogadores com estas características no jogo aéreo, briga com os zagueiros". Neste sentido, algumas opções são Arthur Cabral, do Benfica, Pedro, do Flamengo, artilheiro do Brasil em 2024, ou o jovem Vitor Roque, do Barcelona. Dorival mostrou poucas soluções na leitura de jogo, com demora nas substituições e o clamor por Endrick, que tinha minutagem baixa com a justificativa de ser um jovem em adaptação e no mata-mata foi escalado como titular logo no jogo com caráter eliminatório.
2. Saída de bola
Os adversários que adiantavam as linhas ou atacantes que pressionavam os zagueiros deixaram a defesa brasileira em apuros, forçando o erro de Alisson ou de seus companheiros, o que foi visto desde o início do trabalho, mas em momento algum houve segurança para desenvolver essa construção desde o tiro de meta ou qualquer outra reposição de bola. O problema era mais visível perto da área, mas também aconteceu na região do círculo central ou intermediária, permitindo contra-ataques que foram parados com faltas, gerando cartões amarelos que "penduravam" os jogadores ou então permitindo uma chance de perigo para o rival que encontrava um time desorganizado.
3. A referência para os mais jovens
Mesmo sem estar no auge, o uruguaio Luis Suárez foi convocado para exercer o papel de liderança no vestiário e também por ser um exemplo de jogador vitorioso pela sequência de conquistas ao longo da carreira e o faro goleador. No Brasil quem passou mais perto de assumir a função foi Danilo, multicampeão em clubes mas sem ter levantado nenhum título pela seleção, e ainda chegou a discutir com torcedor. Marquinhos, que também não vive o melhor momento de sua carreira, estava no grupo campeão da Copa América em 2019, mas fica a dúvida se experiência de alguém como Casemiro - principalmente no meio de campo, onde o jogo mais se desenvolve - poderia ter feito diferença.
4. Falta de criatividade
Ao longo dos quatro jogos que disputou a seleção canarinho não demonstrou repertório para levar perigo ao adversário, sem triangulações, poucas infiltrações e jogadas trabalhadas por dentro, apostando muito na ligação direta por meio de lançamentos dos zagueiros ou do goleiro Alisson buscando os atacantes de velocidade. Em dois jogos - contra Paraguai e Uruguai - o Brasil chegou a ficar com vantagem numérica devido à expulsão do jogador adversário mas não aproveitou. Variações táticas também não se mostraram evidentes, como por exemplo deixar apenas um volante em campo, ou então recuar Paquetá e fazer o time mais ofensivo.
5. Protagonistas sem brilho
Multicampeões no Real Madrid, Rodrygo e Vinícius Jr chegaram com moral aos EUA, mas oscilaram durante a competição. Lucas Paquetá é outro que deixou a desejar, sem conseguir fazer a diferença, se sobressair ou chamar a responsabilidade diante de uma defesa fechada ou arriscar chutes de fora da área. A impressão é que o modelo de jogo não potencializa onde o jogador rende melhor, como escalar Savinho mais na direita do que na esquerda, o papel construtor de Arana, Yan Couto sem ser usado após ser destaque no Campeonato Espanhol...
Jogadores do Brasil que mais atuaram na Copa América 2024
Jogador | Minutos em campo |
---|---|
Alisson | 360 |
Danilo | 360 |
Marquinhos | 360 |
Éder Militão | 356 |
Bruno Guimarães | 335 |
Rodrygo | 329 |
João Gomes | 327 |
Lucas Paquetá | 295 |
Raphinha | 260 |
Vinícius Jr | 251 |
Guilherme Arana | 180 |
Wendell | 176 |
Endrick | 130 |
Savinho | 117 |
Andreas Pereira | 65 |
Douglas Luiz | 37 |
Gabriel Martinelli | 21 |
Éderson | 17 |
Evanílson | 8 |
Gabriel Magalhães | 4 |
*Dados do SofaScore