Não é mais imbatível? Os motivos da queda de rendimento do Bayern em 2020/21
Por Nathália Almeida
Em 2019/20, o Bayern de Munique chocou o mundo do futebol ao trucidar adversários sem dó e nem piedade, ressignificando o uso do termo 'dominante' e conquistando absolutamente tudo que disputou, inclusive o tão sonhado hexacampeonato da Champions League. Antes da bola rolar pela atual temporada, as expectativas em torno do Gigante da Baviera estavam ainda mais altas - seu próprio desempenho anterior 'subiu o sarrafo' das projeções envolvendo o clube -, mas o que estamos vendo até aqui, janeiro de 2021, não corresponde ao que esperávamos para este time.
É importante ressaltar que temporadas 'perfeitas' são feitos raríssimos e esperar que elas aconteçam consecutivamente é algo utópico. O Bayern atual segue forte e segue candidato aos títulos que disputa, ou seja, de modo algum esse artigo coloca o time alemão em decadência ou crise: há, no entanto, uma evidente queda de performance, natural até certo ponto, mas motivada por alguns fatores que listaremos a seguir.
1. Não é mais novidade
Um aspecto que contribuiu bastante para o Bayern não ter concorrentes em 2019/20 foi 'fator novidade'. Hansi Flick assumiu a equipe com a temporada em curso e mudou completamente o rumo das coisas na Baviera, já que o trabalho anterior, de Niko Kovac, não era bom.
Hoje, os adversários já estão bem mais familiarizados com a forma como o Bayern atua: linhas altas, perde-pressiona, marcação no campo de ataque. Conhecendo melhor o rival, é mais fácil mapear e explorar potenciais fraquezas.
No caso deste Bayern, o ponto fraco identificado pelos rivais é a linha de defesa alta com zagueiros lentos em campo, como Süle e Boateng.
2. Pré-temporada curta e parte física
Em comparação aos demais adversários, o Bayern teve um período bem mais curto de descanso e pré-temporada entre 2019/20 e 2020/21, já que disputou a final da Champions em Lisboa e poucas semanas depois já estava estreando na nova temporada.
A pandemia global de covid-19 mudou o calendário do futebol, apertando bastante o cronograma de todos os clubes europeus. Mas o Bayern, sem dúvida, foi quem levou a pior justamente por disputar mais jogos decisivos nesse meio-tempo.
Mesmo com um trabalho forte de preparação física e um departamento médico de excelência, é evidente que este elenco está desgastado pela maratona e, com isso, as lesões têm começado a aparecer.
3. Mercado ruim nas reposições
Apesar de ter sido um dos poucos gigantes europeus que não fechou a temporada 2019/20 em déficit, o Bayern não abriu mão de se manter fiel à política de austeridade financeira que lhe é tão característica. O resultado disso foi um mercado de verão bem modesto e com contratações de qualidade técnica questionável.
Para os lugares de Odriozola, Perisic, Coutinho e Thiago Alcântara, chegaram: Bouna Sarr, Douglas Costa, Choupo-Moting e Marc Roca. Um downgrade evidente em qualidade e que vem cobrando o preço na rotação de Flick.
4. Concentração
Por fim, é óbvio que o fator 'concentração' também entra nessa equação. Reduzir o alto número de gols sofridos e a vexatória eliminação na segunda rodada da Copa da Alemanha à perda de foco ou mesmo uma espécie de soberba seria simplista demais, mas isso é, também, um fator.
É muito difícil conseguir manter um grupo 'ligado no 220' após uma temporada histórica como a de 2019/20. Fazer com que os jogadores percebam que aquilo já está no passado e que, para viver tudo de novo, será preciso elevar o nível, não é tarefa fácil.