Neymar nunca esteve tão perto, mas briga por 'melhor do mundo' tem outros favoritos
Por Nathália Almeida
Quando Neymar despontou nos gramados brasileiros vestindo a camisa do Santos, com apenas 16 anos de idade, não tardou nada para que opinião pública e grande imprensa o apontassem como principal esperança para tornarmos a ver o Brasil no topo dos melhores do mundo. O camisa 10 ainda não era atleta profissional na última vez que tivemos um jogador nosso sendo escolhido como o melhor (Kaká/07), uma seca que incomoda o dito 'país do futebol'. Esse longo de tempo de espera, no entanto, nunca esteve tão próximo de chegar ao fim.
Emplacando sua temporada mais madura esportivamente - vem demonstrando maior consciência tática e coletiva, sem deixar de chamar a responsabilidade e sem deixar de explorar as suas individualidades -, o camisa 10 parisiense é um forte candidato ao 'FIFA The Best', prêmio que está confirmado e que será entregue ao final da temporada, diferentemente do cancelado Bola de Ouro. Contudo, dentre os principais concorrentes à honraria, Neymar é quem mais precisa se provar nestas partidas finais de 2019/20: a semifinal da Champions e uma hipotética decisão.
A queda precoce de Juventus, Barcelona e Manchester City na competição europeia praticamente tira do páreo três nomes vistos como muito fortes na disputa: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Kevin de Bruyne. Dessa forma, não é nenhum absurdo já cravar que o melhor do mundo sairá de Paris Saint-Germain ou Bayern de Munique, já que os dois clubes estão nas semifinais da Champions e conquistaram tudo que disputaram nacionalmente. A questão é que, HOJE, Neymar ainda está atrás de Robert Lewandowski e até de seu amigo pessoal e companheiro de time, Kylian Mbappé.
A história prova que premiações individuais tendem a privilegiar os chamados 'números frios'. Neymar, acometido por algumas lesões na temporada 2019/20, disputou apenas 25 jogos totais e soma 1,2 participação direta para gols de seu clube por jogo, sendo 19 tentos e onze assistências. Tanto Lewandowski (54 gols e nove assistências) quanto Mbappé (30 gols e dezenove assistências) têm números gerais consideravelmente superiores em relação ao brasileiro. O centroavante polonês foi o principal goleador da Bundesliga, da Copa da Alemanha e é o atual artilheiro da Champions, enquanto o camisa 7 francês emplacou estatísticas ofensivas superiores a Neymar em todos os torneios do calendário parisiense.
É fato que Neymar faz o jogo acontecer. Deslocado para criar, todas as ações ofensivas do Paris passam por seus pés. Sua função primária hoje é menos artilheira e mais cerebral, apesar de todos nós conhecermos seu potencial de finalização. Nos chamados 'key passes' [passes-chave] ele domina o jogo, mas é aquilo que falarmos anteriormente: premiações individuais costumam ser cruéis com a subjetividade, sempre se atendo mais aos números crus. Neles, Neymar está em desvantagem. Se for 'o cara' do PSG nesta reta final de Champions, isso pode mudar.