O Ceará acertou em demitir Guto Ferreira?
Por Daniel Farias
Guto Ferreira não é mais técnico do Ceará. O treinador, que estava há cerca de um ano e cinco meses no comando técnico do Alvinegro foi demitido neste domingo, após a derrota por 2 a 0 para o América-MG, pelo Brasileirão. Agora, porém, as opiniões se dividem bastante: muitos falam que o Ceará errou em demitir Guto, enquanto outros acham que foi uma decisão acertada. Portanto, o Ceará acertou ou errou em demitir Guto Ferreira?
De fato, o trabalho de Guto Ferreira à frente do Ceará é digno de muitos reconhecimentos. O treinador comandou a equipe rumo ao título invicto da Copa do Nordeste 2020 e classificou a equipe para a Copa Sul-Americana, entre outros feitos importantes. Apesar disso, o Ceará tem vivido muitas oscilações na temporada 2021 e o trabalho de Guto já não era tão consistente como em 2020. O clube, por exemplo, perdeu o título da Copa do Nordeste para o Bahia, o Campeonato Cearense para o Fortaleza e foi também eliminado da Copa do Brasil pelo próprio Fortaleza.
Muitas pessoas ficaram espantadas com a demissão de Guto Ferreira, principalmente após perceberem que o Ceará está atualmente na oitava colocação da Série A. De fato, a campanha do Ceará não é ruim, mas usar esse argumento simplista como justificativa não me parece ser o melhor caminho. É preciso, portanto, entender como o clube de fato vinha jogando, como se comportava o time de Guto Ferreira.
É partindo para esse caminho que compreendo a demissão de Guto. O Ceará caiu bruscamente de rendimento na temporada 2021 e desempenhava um futebol muito abaixo do esperado. O time não conseguia produzir, criar boas jogadas, e isso chateava os torcedores. A maior parte das vitórias conquistadas pelo clube nesta Série A não foram fruto de boas atuações, mas sim de lampejos que resultaram em gols "salvadores". Nem mesmo a transição ofensiva, tão eficiente em 2020, funcionava como antes.
Além disso, diante de uma queda de rendimento, Guto Ferreira não apresentou novos repertórios, que poderiam fazer o clube se reerguer. Sempre as mesmas substituições, estilo de jogo democrático e pouquíssima intensidade dentro de campo. Diante desta situação, a diretoria do Ceará não viu outro caminho senão a demissão de Guto. É importante ressaltar mais uma vez que a grande questão envolvendo a saída de Guto diz respeito à forma como o Ceará vinha jogando.
Como dito anteriormente, nada disso apaga a belíssima história escrita por Guto Ferreira no Ceará. O treinador certamente entra para a história do clube cearense como um dos principais técnicos que já comandaram a equipe. A decisão, portanto, não é uma atitude de injustiça. A memória certamente é positiva, mas era chegada a hora de uma mudança, principalmente após pouquíssimas melhorias frente a uma fase complicada.
Agora, porém, surge um outro enorme desafio para o clube. Encontrar um novo treinador que consiga reorganizar o clube e trazer de volta o ânimo que estava escondido desde o início da temporada. Esse tiro precisa ser certeiro. O Ceará terá 15 dias sem jogos, outro fator que certamente será positivo, pois o novo treinador terá uma boa quantidade de dias para trabalhar com o elenco.