O histórico e pioneiro Santos de Marta, primeiro campeão da Libertadores
Por Antonio Mota
Há cerca de 12 anos, no final dos anos 2000, o Santos tomou uma iniciativa que mudou o rumo do futebol feminino na América do Sul. Naquela temporada, após conquistar a Copa do Brasil e reforçar ainda mais sua hegemonia no país, as Sereias da Vila decidiram nadar para mais longe e desbravaram águas que jamais haviam sido exploradas – e que iam além dos limites do esporte. Foi assim, então, que começou o movimento para o surgimento da Conmebol Libertadores Feminina.
Em 2009, após enfileirar títulos – Liga Nacional, Campeonato Paulista (ambos em 2007) e a Copa do Brasil (2008) – dentro e fora de São Paulo, o Alvinegro Praiano decidiu brigar por uma liga continental e, com esse objetivo, se movimentou nos corredores de poder do esporte sul-americano. Nesta direção, o clube da Vila Belmiro começou a pressionar a CBF e a Conmebol pela organização de uma Libertadores para a modalidade, numa iniciativa que acabou sendo bem-sucedida.
Bem ajustado nos bastidores, o Santos viu sua pressão política funcionar e conseguiu a chancela da entidade máxima do futebol da América do Sul. Com o “ok” da Confederação, o Peixe, principal responsável pela organização da competição, se mobilizou, trouxe o evento para o Brasil e encontrou quatro estádios para a realização das partidas: o Ulrico Mursa e a Vila Belmiro em Santos, o Pacaembu em São Paulo e o Antônio Fernandes no Guarujá.
Em sua primeira edição, em 2009 – quase cinco décadas após o surgimento da Libertadores Masculina, que fora iniciada em 1960 –, o então recente torneio contou com 10 equipes (cada uma representando um país filiado da Conmebol) e durou aproximadamente duas semanas – de 2 a 18 de outubro. O campeão, como não poderia deixar de ser, foi o próprio Santos. E com um verdadeiro espetáculo.
Vida longa à Rainha: o Santos de Marta, Cristiane e cia
Após dominar o Brasil e ‘lutar contra o sistema’ pela oportunidade de conquistar a América, o Santos entrou com tudo na Libertadores e não deu chances aos adversários. Com Marta, Cristiane e várias outras feras, as Sereias da Vila proporcionaram verdadeiros shows e massacraram as rivais: venceram todos os jogos (6), marcaram 43 gols (média superior a 7 por partida), sofreram apenas dois tentos e, no fim, ganharam a decisão por 9 a 0 contra o Universidad Autônoma, do Paraguai.
Grandes estrelas naquela Libertadores, Cristiane e Marta formaram uma dupla ímpar naquela temporada e, juntas, marcaram um total de 22 gols – Cris foi a principal goleadora da copa, com 15 bolas no fundo das redes. A Rainha, por sua vez, anotou 7 tentos. Érika (6 gols), Maurine (4), Fran (3) e outras sereias também foram bem e marcaram os seus nomes na história do torneio.
Vale notar que a Libertadores Feminina de 2009 foi formatada da seguinte maneira: dois grupos (A e B) de cinco times, com os dois melhores de cada chave avançando para as semis e, posteriormente, após as decisões, para a final.
Da campanha das Sereias da Vila
Fase de Grupos
Santos 3 x 1 White Star
CF Enforma 0 x 12 Santos
Caracas FC 0 x 11 Santos
Santos 3 x 1 Everton
Semifinal
Santos 5 x 0 Enforma
Final
Santos 9 x 0 Universidad Autónoma
Sobre a final. Após atropelar os melhores times da América do Sul, o Santos se deparou com o Universidad Autónoma, do Paraguai, na finalíssima da primeira edição feminina da Libertadores. Favoritas, as Sereias foram abraçadas pela Nação Alvinegra, que colocou mais de 14 mil pessoas na Vila Belmiro no dia 18 de outubro de 2009, e, mesmo sem Cristiane, que estava suspensa, venceram com tranquilidade e, com muitos méritos, conquistaram a Glória Eterna.
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