Operação Penalidade Máxima: MP-GO identifica possível envolvimento entre empresários de futebol e máfia das apostas
Por Antonio Mota
A Operação Penalidade Máxima, conduzida pelo Ministério Público de Goiás, identificou possível envolvimento de empresários de futebol no esquema de manipulação de partidas no Brasil. Conforme divulgado pelo Jornal O Globo, o MP-GO encontrou conversas entre agentes de jogadores e investigados da operação. Mais, esses intermediários teriam se encontrado e até recebido dinheiro da quadrilha.
Conforme publicação do O Globo, Romário Hugo dos Santos, o conhecido Romarinho, que é apontado como um dos integrantes da quadrilha de manipulação de jogos de futebol no país, e o empresário Luiz Taveira, do zagueiro Eduardo Bauermann, mantiveram contato durante meses, entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023. A dupla chegou a ter conversa acerca das ações do defensor do Santos. Veja:
“Meu Deus do céu, o Bauermann quer matar nós do coração?”, enviou Romarinho para Taveira, que respondeu: “Pqp, você foi comigo nele. Não sei o que falar”. A troca de mensagens no WhatsApp aconteceu poucos minutos antes do término da partida entre Santos e Avaí, pelo Campeonato Brasileiro de 2022. Na oportunidade, o defensor deveria ter tomado cartão amarelo, mas não o fez.
Como não cumpriu o combinado, Bauermann aceitou outro “desafio” e fez um novo acerto com o apostador. A tarefa era ser expulso no jogo seguinte, contra o Botafogo, também pelo Brasileirão. O jogador até recebeu o cartão vermelho, mas apenas após o apito final. Taveira falou novamente com Romarinho após essa partida: “Vai aprender... Tirou a virgindade”, falou.
Importante, Taveira chegou a organizar encontro entre Bauermann e Romarinho após o “erro” do defensor contra o Avaí. “Vocês me encontram na minha casa e vamos na dele”, escreveu o empresário em uma mensagem para o apostador. O zagueiro do Peixe, vale notar, teria recebido antecipadamente R$ 50 mil para levar o cartão. Os envolvidos se encontraram em outras oportunidades após os impasses entre o defensor e o apostador.
Até o momento, além de Luiz Taveira, que, até aqui, não foi denunciado pelo MP-GO, outros três empresários, além de agentes e amigos de jogadores, também foram identificados na investigação do Ministério Público. A Operação Penalidade Máxima encontrou ainda informações que esses intermediários tiveram encontros presenciais, indicaram jogadores e até receberam dinheiro da máfia das apostas.
Outros intermediários e a máfia das apostas
O empresário Pedro Gama dos Santos Junior é outro agente de futebol associado ao esquema de manipulação de jogos no país. Ele é amigo do zagueiro Victor Ramos e é acusado de ter negociado um pagamento de R$ 100 mil para que o defensor cometesse pênalti em uma partida entre Portuguesa e Guarani, pelo Paulistão 2023. Ambos já são réus na Justiça de Goiás.
Bruno Lopez, conhecido como BL, que é visto como o chefe da quadrilha, comentou com outros integrantes da máfia sobre Gama. “Esse cara aí é irmãozão do Victor Ramos. Mano, o cara é mil grau, ele já trabalhou assim lá na Chapecoense, trabalhou também no Goiás, entendeu? Ele falou: ‘Meu, é a primeira de muitas’. Falou que cem conto ele pega, entendeu? Metade antes, metade depois. (...)Já deu pra ver que o Victor Ramos é do game, tendeu? Aí amanhã provavelmente eu vou encontrar pessoalmente com esse assessor”, afirmou BL.
Cleber Vinicius Rocha Antunes da Silva, o Clebinho Fera, e Antônio Polidoro Jr. são outros intermediários de jogadores que teriam recebido valores da quadrilha. O primeiro teria recebido R$ 40 mil por acordos envolvendo Pedrinho, do Athletico, e Sidcley, ex-Cuiabá, enquanto o segundo embolsou R$ 35 mil como intermediário do meia Nathan, ex-Fluminense e hoje no Grêmio.
O Globo não conseguiu entrar em contato com Polidoro, Clebinho Fera e Pedro Gama.