Opinião: Botafogo consolida nova realidade ao eliminar São Paulo no Morumbis
- Botafogo voltou às semifinais da Libertadores após 51 anos
- São Paulo demonstrou resiliência, mas não foi suficiente para evitar eliminação
Em noite típica de Libertadores no MorumBIS, o Botafogo superou diversos momentos adversos nas quartas de final e eliminou o São Paulo, que estabeleceu novo recorde de público pagante (61.329 torcedores) na atual edição do torneio. Diferentemente da narrativa construída por muitos em relação ao histórico das equipes, a realidade atual do alvinegro carioca se impôs diante do tricolor paulista.
Botafogo foi recompensado pela imposição no primeiro tempo
Sem abdicar da imposição tática e física tradicionais na temporada, Artur Jorge repetiu a escalação do jogo de ida e controlou o adversário no primeiro tempo. Diferentemente da partida no Rio de Janeiro, o Alvinegro precisou de apenas 15 minutos para abrir o placar com Thiago Almada, concluindo jogada de Savarino, em uma falha considerável de Luiz Gustavo, desarmado por Igor Jesus no meio de campo.
Utilizando-se principalmente da marcação individual sem a bola e pressão alta, Gregore e Marlon Freitas neutralizaram as tentativas de Lucas. Outro destaque foi a dupla Bastos e Barboza, vencendo as disputas físicas diante de um isolado Jonathan Calleri. A superioridade de Alex Telles forçou a saída do jovem William Gomes para a entrada de Luciano, artilheiro do time em 2024.
Luís Zubeldía percebeu que a estratégia inicial estava equivocada e a atitude de substituição ainda no primeiro tempo rendeu frutos. O Tricolor deixou de apostar nas ligações diretas e trabalhou mais a posse de bola com mais participação de Lucas. No fim do primeiro tempo o ídolo virou protagonista em um pênalti polêmico marcado pelo árbitro Dario Herrera após intervenção do VAR, mas acabou desperdiçando a cobrança ao chutar no travessão.
São Paulo demonstrou resiliência e buscou empate merecido
A questão física envolvendo o Glorioso no segundo tempo mais uma vez pesou e o São Paulo assumiu de vez o protagonismo da partida aproveitando os espaços cada vez mais cedidos pelo adversário. Calleri teve a oportunidade de empatar, mas deixou a bola escapar quando estava embaixo da trave e ela saiu.
O técnico Artur Jorge reagiu bem apostando em uma trinca de volantes no meio-campo com a entrada de Tchê Tchê fechando melhor os espaços, mas não "matou o jogo" e quase se complicou. Na reta final do tempo regulamentar, André Silva aproveitou liberdade pela esquerda e cruzou na medida para Calleri achar espaço entre Bastos e Marçal em uma cabeçada firme que entrou no canto direito de John.
Decisão por pênaltis consolida momento inédito do Botafogo
Com o ambiente totalmente favorável no Morumbis e o histórico vitorioso na Libertadores, tudo indicava que o São Paulo teria condições de buscar a classificação nos pênaltis. Contudo, Calleri mandou no travessão logo na primeira cobrança desaminou parcialmente a torcida. Vitinho isolou, pressionando o Alvinegro na quinta penalidade, mas a batida firme de Thiago Almada manteve a decisão em aberto. Rodrigo Nestor bateu fraco no canto esquerdo e o goleiro John - que acertou todos os cantos, ao contrário de Rafael - defendeu para consagrar Matheus Martins.
Apesar de muita resiliência e ajustes táticos durante a partida, o Tricolor demonstrou inferioridade técnica em relação ao adversário durante todo o confronto. Os jogos finais da temporada do Brasileirão indicam bons caminhos para a equipe tentar o G6 para voltar à Libertadores em 2025, mas a diretoria precisará dar respaldo diante da pressão crescente pela falta de títulos.
Do outro lado, o Botafogo deu mais um grande passo ao chegar às semifinais da Libertadores após 51 anos. O fato de eliminar os tricampeões Palmeiras e São Paulo no mata-mata atuando como visitante no jogo de volta são fatores que fazem o torcedor botafoguense acreditar ainda mais em uma conquista inédita do maior torneio continental das Américas.