Opinião: demissão de Fernando Seabra foi a decisão certa para o Cruzeiro?
- Fernando Seabra foi escolhido pela gestão de Ronaldo Fenômeno
- Treinador deixa o clube com um aproveitamento de 56%
Por Izabelle França
Quem disse que o início de semana é sem emoção esqueceu de combinar com o Cruzeiro. O clube movimentou esta segunda-feira (23) com a demissão do técnico Fernando Seabra, mas já anunciou um novo nome para o cargo: Fernando Diniz, que estava disponível no mercado desde que saiu do Fluminense, em junho.
Seabra vinha sendo bastante criticado pela torcida devido às atuações irregulares da equipe que venceu apenas um dos últimos oito jogos no Brasileirão. O agora ex-comandante do Cabuloso foi demitido após o empate sem gols contra o Cuiabá, penúltimo colocado da tabela de classificação do Campeonato Brasileiro.
É complicado avaliar se era o momento certo para a troca. Estamos na reta final da temporada e, por sorte ou mérito, o time estrelado está com uma vaga bem encaminhada para a semifinal da Copa Sul-Americana, afinal foi até o Paraguai e venceu o jogo de ida das quartas de final diante do Libertad por 2 a 0. O placar poderia ter sido ainda maior se o Cabuloso tivesse aproveitado todas as chances criadas. Além disso, os números de Seabra não eram ruins: em 35 jogos, ele conquistou 17 vitórias, sofreu 10 derrotas e empatou oito vezes, alcançando um aproveitamento de 56%.
Os números não refletem o desempenho recente em campo. O treinador de 47 anos está no início de sua carreira à beira do gramado, mas já é reconhecido pelo bom trabalho nas categorias de base. Ele não é um ruim, conseguiu fazer o time jogar bem com recursos limitados, antes mesmo da chegada dos reforços da última janela de transferências no meio do ano. Além disso, não podemos esquecer que o clube passou por mudanças na SAF. Seabra foi escolhido pela gestão de Ronaldo Fenômeno, que posteriormente vendeu as ações para Pedro Lourenço. Vale lembrar também do áudio vazado no qual o empresário pede mais minutagem para os recém-contratados.
A relação que ficou balançada culminou com os últimos resultados negativos e atuações abaixo do esperado. Talvez o maior erro de Seabra foi insistir em algumas escalações e em jogadores que não estavam rendendo. A Raposa deixou de conquistar resultados que poderiam ter dado mais tranquilidade à equipe, como uma classificação mais tranquila diante do Boca Juniors, sempre precisar passar pelas emoções dos pênaltis, ou uma vitória contra o Internacional, mesmo com um jogador a mais, além de ter perdido para o time reserva do São Paulo - esta última encerrando longa invencibilidade no Mineirão que durava cinco meses. Tudo isso pesou contra ele.
O foco da nova gestão é, de fato, conquistar a Sul-Americana. Se a sensação era de fim de ciclo talvez a medida deveria ter sido feita antes, não na semana de uma decisão. Se a atitude da diretoria trará resultados positivos só o tempo dirá.