Opinião: Internacional é a maior decepção do futebol brasileiro em 2024

  • Investimento de R$ 85 milhões não deixou o Inter competitivo
  • Tragédia no Rio Grande do Sul também afetou a temporada 2024
Reforço de peso, o colombiano Rafael Borré ficou indignado ao pedir pênalti no final do segundo tempo; árbitro mandou seguir
Reforço de peso, o colombiano Rafael Borré ficou indignado ao pedir pênalti no final do segundo tempo; árbitro mandou seguir / SILVIO AVILA/GettyImages
facebooktwitterreddit

O empate por 1 a 1 diante do Rosario Central (Argentina) em pleno Beira-Rio provocou o "encerramento simbólico" da temporada 2024 do Internacional, com a eliminação nos playoffs da Conmebol Sul-Americana. Sem a disputa do torneio continental, o Inter desperdiçou a sua melhor chance de conquistar um título em uma das temporadas em que mais investiu em contratações.

Disposto a conquistar o título do Brasileirão, a direção de Alessandro Barcellos investiu na contratação de 11 jogadores com 15 milhões de euros em contratações, valor que chegou ao patamar de R$ 85 milhões na cotação atual. As expectativas em torno de uma grande campanha aumentaram com presenças importantes no elenco como Rafael Santos Borré e Enner Valencia.

No entanto, diversos problemas extracampo e dentro de campo acabaram atrapalhando o projeto esportivo do Internacional em 2024, os quais foram iniciados antes mesmo da tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul durante o mês de abril.

Eduardo Coudet não resistiu à falta de desempenho

As enchentes sem dúvida atrapalharam a temporada do Inter e dos clubes gaúchos no futebol brasileiro e esse contexto precisa ser contextualizado em todas as análises envolvendo a temporada do Inter. Infelizmente alguns torcedores adjetivaram jogadores como "covarde" e "sem vergonha" durante os protestos pela eliminação na Sul-Americana mesmo após a mobilização do elenco durante a tragédia que atingiu o estado.

FBL-BRAZIL-GREMIO-INTER
Eduardo Coudet foi demitido durante a 3ª fase da Copa do Brasil / ALBARI ROSA/GettyImages

Entretanto, os problemas no desempenho do Internacional começaram antes mesmo do final de abril, com a queda na semifinal do Campeonato Gaúcho diante do Juventude sendo a primeira grande marca negativa para a temporada. No início do Brasileirão a falta de desempenho da equipe sob comando de Eduardo Coudet também levantou preocupações importantes. Cabe ressaltar também o rendimento abaixo do esperado de nomes do elenco como Alan Patrick e Robert Renan.

Com o retorno do futebol para as equipes gaúchas houve uma trégua entre a torcida do Inter e Eduardo Coudet quanto às críticas, mas a falta de resultados persistiu e os altos e baixos no desempenho (amplificados pelos constantes desfalques provocados por suspensões, lesões e ausência de pilares do time pela disputa da Copa América - como o goleiro uruguaio Sergio Rochet e o atacante equatoriano Enner Valencia, titulares absolutos, e o colombiano Rafael Borré, reforço de peso contratado nesta temporada) impediram a continuidade do técnico em sua segunda passagem.

A polêmica escolha de Roger Machado

A diretoria tentou criar um "fato novo" com a demissão de Eduardo Coudet em meio à disputa das 3ª fase da Copa do Brasil, mas a estratégia não foi eficiente e o Juventude conseguiu avançar sem sustos no confronto. Para piorar, a estratégia fez com que o Colorado disputasse o primeiro jogo contra o Rosario Central, na Argentina, sem a presença de um técnico efetivo.

Com poucos treinos e menos uma semana no comando, Roger Machado chegou ao Internacional sem a unanimidade da torcida (por conta do passado vencedor que o tornou ídolo do Grêmio) precisando fazer mudanças importantes em termos de planos de jogo e questões táticas sem o tempo necessário de treinamento para consolidar suas ideias.

Roger Machado
Roger Machado foi anunciado no dia 18 de julho, estreou no dia 20 na derrota para o Botafogo e três dias depois tinha a decisão pela Sul-Americana / Ruano Carneiro/GettyImages

Mudança de rota não causou impacto imediato

O resultado da estratégia desastrada do presidente Alessandro Barcellos provocou a terceira eliminação do Internacional em competições durante a temporada 2024. Sem Campeonato Gaúcho, Copa do Brasil e Sul-Americana, é muito improvável que o Colorado consiga uma arrancada histórica no Brasileirão com 20 pontos atrás do líder Botafogo (que pode cair para sete pontos caso consiga vitórias nos quatro jogos atrasados até a 19ª rodada).

Existem possibilidades de aprimoramento no desempenho do Inter até o fim da temporada sob comando de Roger Machado. Porém, mesmo que o Colorado consiga garantir uma vaga na próxima Libertadores vai ser difícil apagar o sentimento de decepção na temporada de 2024. A tragédia no Rio Grande do Sul atrapalhou o clube, mas as falhas esportivas na gestão de Alessandro Barcellos antes e depois das enchentes marcam o ano do Inter, que provavelmente fechará o ano sem a conquista de nenhum título.

FBL-SUDAMERICANA-INTER-ROSARIO
Vaga na Libertadores 2025 seria "prêmio de consolação" para o Inter / SILVIO AVILA/GettyImages

Flamengo e Palmeiras podem terminar o ano sem a conquista das principais competições, o Botafogo pode fechar o ano sem títulos após a frustração de 2023, enquanto o Grêmio pode acabar sendo rebaixado para a segunda divisão. Contudo, nenhuma das situações citadas anteriormente podem diminuir a frustração colorada, afinal antes do Campeonato Brasileiro começar o Inter era considerado um dos postulantes ao título - a última taça nacional veio em 1992.

Leia mais notícias do futebol brasileiro:

feed