Opinião: Portugal necessita de rápida reformulação na Euro 2024 antes de enfrentar a França
- França contou com um gol contra para superar a Bélgica em duelo tático
- Portugal ficou próximo da eliminação e Cristiano Ronaldo expôs problema emocional
A Euro 2024 viveu o seu dia mais emocionante de oitavas de final na última segunda-feira (1º) com as classificações de França e Portugal. As duas seleções que se enfrentam nas quartas de final tiveram grandes dificuldades para lidar com Bélgica e Eslovênia, respectivamente.
Iniciando a jornada de fortes emoções, a seleção da França entrou em campo para um jogo tático de "erro zero" diante de uma Bélgica determinada a impedir que Mbappé conseguisse espaço para progredir na faixa esquerda ofensiva, mas quando a situação saiu do controle na reta final, Vertonghen acabou marcando contra e marcou a eliminação belga.
Do outro lado, a seleção de Portugal enfrentou uma Eslovênia extremamente bem aplicada defensivamente e o goleiro Oblak, que impediu as raras chances de gol da seleção portuguesa durante o tempo regulamentar. Na prorrogação, o goleiro defendeu um pênalti de Cristiano Ronaldo e causou forte comoção no ídolo português, mas quem brilhou mesmo foi Diogo Costa na disputa por pênaltis.
Apesar da enorme expectativa com grandes jogadores nos dois elencos, França e Portugal mais uma vez ficaram devendo em qualidade de jogo. O 90min analisa abaixo alguns dos pontos centrais que marcaram as tensas classificações de ambas seleções e projeta o confronto válido pelas quartas de final, que será disputado nesta sexta-feira (5), a partir das 16h pelo horário de Brasília, no Volksparkstadion.
França achou boa solução para superar o duelo tático contra a Bélgica
O fato de Mbappé e Theo Hernández permanecerem o lado esquerdo da França permitiu que a Bélgica fosse rápida em contornar o 4-4-2 condensando o espaço por este lado. No entanto, essa estratégia acabou deixando maior espaço para o lateral-direito Jules Kounde avançar e oferecer uma saída de bola no flanco oposto.
Outro destaque positivo consistiu em como Hernández atraiu a atenção ao permanecer no alto pelo lado esquerdo, facilitando os passes de Tchouaméni nas disparadas de Kounde, que ofereceu chances de perigo para Griezmann e Thuram, sendo este o principal mérito tático da equipe de Didier Deschamps.
Nenhuma seleção criou mais oportunidades de gols através de cortes do que a França durante a fase de grupos, com os seus atacantes indo para a linha de fundo antes de segurarem a bola para um companheiro de equipe que se aproximava enquanto a linha defensiva adversária recua. O maior exemplo disso ocorreu no segundo tempo, quando Kounde surgiu livre pela direita e achou Griezmann, que falhou em concretizar a chance de gol.
Porém, mesmo com os elogios necessários para a estratégia tática de Deschamps, a França mais uma vez ficou aquém da intensidade esperada por um elenco tão qualificado. Além disso, os franceses chegaram às quartas de final sem nenhum gol em situação de ataque marcado em quatro jogos, pois as vitórias foram construídas com gols contra e um gol de pênalti. Mesmo assim, não podemos desperdiçar a eficiência do trabalho que já acumula duas finais de Copas do Mundo e uma final de Eurocopa.
Portugal segue sem aproveitar potencial ao priorizar Cristiano Ronaldo
Enquanto a seleção francesa manteve sua eficiência e garantiu a primeira vaga para as quartas de final no tempo regulamentar, Portugal precisou da disputa por pênaltis e do goleiro Diogo Costa, principalmente por conta da insistência de Roberto Martínez em construir taticamente a equipe em torno do experiente Cristiano Ronaldo.
Em 18 jogos no comando técnico de Portugal, Martínez não estabeleceu nenhum sistema tático e acabou recorrendo mais uma vez ao 4-2-3-1 ao invés do 3-4-3, sistema que marcou o seu melhor momento no comando da Bélgica. Desde o início da partida, Portugal abusou dos cruzamentos diante de um sistema defensivo muito bem organizado da Eslovênia, diminuindo as chances de gol com a formação 4-4-2.
Jogadores versáteis como Diogo Dalot (lateral nos dois lados) e Bernardo Silva (utilizado em diversas funções no meio-campo do Manchester City) estão limitados na seleção por causa da estrutura tática conservadora de Roberto Martínez. Tudo isso sem considerar o descontrole emocional de Cristiano Ronaldo.
O ídolo da seleção portuguesa possui mais de 20 finalizações e nove chutes no alvo nesta Eurocopa, mas o fato de não ter conseguido marcar um gol em quatro jogos deixou Cristiano Ronaldo abalado. A defesa de Oblak que provocou o choro de CR7 no intervalo da prorrogação, certamente causado pela falha do objetivo pessoal de marcar um gol. Outro desperdício consiste nas cobranças de falta sempre centradas em um jogador que marcou apenas um gol em 61 tentativas nas competições internacionais.
França x Portugal tem favorito?
Tudo indica que a França adotará estratégia semelhante contra Portugal com marcação em bloco baixo, enquanto deixa a seleção de Portugal com o controle da posse de bola. Por isso, apesar de ambas seleções decepcionarem, os franceses entram para o confronto com um favoritismo considerável.
Mesmo sem nenhum gol marcado por seu ataque com bola rolando em quatro jogos, os franceses possuem maior qualidade de criação, maior confiança no trabalho de seu técnico e principalmente maior organização tática, pois Upamecano e Saliba provavelmente serão fundamentais nas transições contra Rúben Dias e Pepe, caso Martínez mantenha a mesma estrutura tática.