Os campeonatos estaduais deveriam acabar?
Nas últimas semanas, por conta do agravamento dos números de casos e de mortes causados pela pandemia de coronavírus, uma série de campeonatos estaduais no Brasil foram paralisados. O Paulistão, por exemplo, chegou a ser suspenso por conta do veto a jogos no estado assinado por João Doria.
Na esteira dos adiamentos temporários, uma antiga discussão ganhou força no meio esportivo: será que já não é o momento de acabar com os estaduais ou pelo menos reduzir ainda mais as datas para os clubes ditos grandes do país?
Pontos positivos
Alívio no calendário
O calendário do futebol brasileiro pode ultrapassar as 65 datas caso o clube chegue à mais de uma decisão, como aconteceu com o Palmeiras na temporada 2020. Tal frequência de jogos afeta consideravelmente a produtividade das equipes, até mesmo daquelas com os elencos mais vastos e cheias de opções.
Atualmente, um campeonato como o Paulistão, utiliza 16 datas, com 12 jogos na primeira fase, quartas de final, semi e final em dois jogos. Tal exclusão ou diminuição no número de partidas resultaria em uma 'folga' de mais de três meses que poderia ser utilizada para a flexibilização das datas de outros torneios, como o próprio Brasileirão.
Valorização dos jogos
Com essa dificuldade de conciliar jogos, as equipes precisam priorizar campeonatos, o que acaba desvalorizando os próprios jogos. No início do Paulistão 2021, por exemplo, o confronto entre Corinthians e Palmeiras aconteceu no meio de ambas as finais da Copa do Brasil. O Alviverde, por sua vez, colocou um time misto em campo, reduzindo todo o poder de um grande Dérbi.
Também não é incomum que os próprios estaduais sejam 'escanteados', como faz o Athletico, ao colocar elenco sub-23 nos jogos, ou o próprio Palmeiras, que já chegou a categorizar o campeonato como 'Paulistinha'.
Pontos negativos
Enfraquecimento dos clubes de menor expressão
Os estaduais são muito importante para as equipes do interior, que ganham valores relevantes para ajudar na sobrevivência ao longo do ano. A bilheteria das partidas contra os gigantes das capitais também contribui positivamente para a arrecadação dos clubes.
Com os clubes de menor expressão enfraquecidos - ou quase inexistentes -, o futebol brasileiro poderia perder fontes importantes de lançamento de novos jogadores, já que os estaduais por muito tempo foram conhecidos como 'celeiros' de grandes craques.
Perda de cotas de TV
O Paulistão 2020, por exemplo, chegou a pagar R$26 milhões em direitos de TV aos quatro grandes: São Paulo, Corinthians, Palmeiras e Santos. Para além disso, a premiação ao campeão - no caso, o Verdão - ultrapassou o valor de R$30 milhões na soma total.
Tal montante financeiro pesa muito no orçamento dos clubes, enquanto existir, dificilmente as equipes perderão a chance de recebê-los.
Qual a solução?
De fato, a resolução não é tão simples, mas a discussão é válida. É preciso pensar nos clubes pequenos, mas também é necessário melhorar a situação para os grandes, principalmente com a ideia de valorizar os maiores campeonatos.
De toda maneira, em 2021, os clubes pequenos já sofrem por conta de calendários, já que as únicas quatro divisões do futebol brasileiro não abarcam as equipes em sua totalidade. Logo, uma boa solução seria um aumento dos estaduais para as equipes de menor expressão, alongando o calendário e criando divisões regionais.
Os grandes, por exemplo, poderiam entrar em uma parte final, utilizando o torneio como pré-temporada, organizando o calendário da seguinte maneira para essas equipes]:
Janeiro: férias e pré-temporada
Fevereiro: estaduais
de Março a Dezembro: Brasileirão
de Fevereiro a Outubro: Copa do Brasil
de Fevereiro a Dezembro: Libertadores/Sul-Americana
Tal divisão permitiria uma divisão mais tranquila do Brasileirão, espaçado com mais datas disponíveis e mais tempo para recuperação e treinamentos nos clubes. Outras competições também poderiam conciliar melhor com o torneio nacional.
Será que funciona?