Os feitos e momentos que tornaram o Brasileirão Feminino de 2022 histórico
Por Nathália Almeida
No último sábado, 24 de setembro, acompanhamos com atenção e empolgação a partida mais aguardada da temporada nacional do nosso futebol feminino. Principais expoentes de um trabalho sério e de longo prazo na modalidade, Corinthians e Internacional se enfrentaram na Neo Química Arena pelo segundo e derradeiro duelo valendo a taça do Brasileirão Feminino, em uma decisão que será lembrada por muito tempo, por tudo que a envolveu.
No campo e bola, o Timão prevaleceu e garantiu mais uma aquisição para sua já abarrotada sala de troféus. Mas temos motivos para acreditar que não foi só o Corinthians que saiu vencedor da edição de 2022 do torneio nacional. A seguir, elencamos os feitos e momentos que tornaram o Brasileirão Feminino de 2022 histórico:
1. A descoberta de novos talentos
Não foram poucas as jovens jogadoras que fizeram um grande campeonato e entraram de vez no radar da Seleção Brasileira de Pia Sundhage. Duda Sampaio, do Internacional, é um dos principais exemplos: com apenas 21 anos, foi um dos nomes da campanha das Gurias Coloradas, liderando o Brasileiro em assistências (11).
Outras jovens jogadoras que merecem destaque e que certamente trarão ainda muitas alegrias aos apaixonados pela modalidade: Ary Borges (meia, 22, Palmeiras), Micaelly (meia, 22, São Paulo), Jheniffer (atacante, 21, Corinthians).
2. Consolidação de "novas" forças
São Paulo, Internacional e Palmeiras ainda não tiveram sucesso em "romper" a dinastia corinthiana, mas estão conseguindo se manter com regularidade, ano após ano, entre os semifinalistas do Brasileirão Feminino. Ainda que seja frustrante seguir "batendo na trave", esse é o único jeito possível de se estabelecer como potência na modalidade: continuar investindo e continuar trabalhando.
São, hoje, as novas forças consolidadas da modalidade, ao lado de Corinthians e Ferroviária.
3. Os recordes de público consecutivos
Por longos e longos anos, preconceituosos utilizaram a narrativa de que "não há interesse de consumo" para desprestigiar o futebol feminino. A realidade é que a falta de incentivo e investimento em infra-estrutura na "raiz" da modalidade tornavam o produto pobre, não por falta de talento de nossas jogadoras, mas por falta de apoio.
Ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de investimentos na modalidade, mas bastou um trato melhor das federações e dos clubes para que a resposta das arquibancadas viesse: tivemos duas quebras de recorde de público nas finais do Brasileirão Feminino.
Na ida da decisão, 36.330 torcedores no Beira-Rio.
Na volta, 41.070 torcedores na Neo Química Arena.
4. O tetracampeonato alvinegro
Muitos torcedores gostariam de ver um campeão inédito na edição 2022, mas o Corinthians disse "não" e provou, mais uma vez, o porquê de ser o projeto mais vitorioso da modalidade nos últimos anos: depois de uma primeira fase abaixo da média para seus padrões, buscou soluções internas, se reinventou e mostrou sua melhor versão no mata-mata, passando por cima de todos os seus adversários.
O tetracampeonato brasileiro, algo inédito no futebol feminino nacional, coroa o que é o Corinthians Feminino: a resiliência, a ambição contínua e a força multiplicada nos chamados jogos grandes.
5. Premiação histórica
Celebrando as pequenas vitórias, também precisamos mencionar que a premiação a ser paga pela CBF ao campeão brasileiro em 2022 será cinco vezes maior em relação ao valor distribuído no ano anterior: de R$ 200 mil para R$ 1 milhão. Em ano de recordes nas arquibancadas, nada mais justo que a valorização nas cifras também seja uma realidade.