Palmeiras campeão! Deyverson sai do banco e vira herói da Libertadores contra o Flamengo
Por Bia Palumbo
Cerca de 450 quilômetros separam o Rio de Janeiro de São Paulo e quis o destino que o carioca Deyverson, do Palmeiras, fizesse o gol do título da Libertadores de 2021 contra o Flamengo, na vitória por 2 a 1 neste sábado (27), em Montevidéu. O atacante jogou apenas a prorrogação, tempo suficiente para demonstrar oportunismo em um lance de desatenção de Andreas Pereira, que deixou a bola escapar ao receber um passe na intermediária e o centroavante aproveitou para dar um toque de pé esquerdo que deslocou o goleiro Weverton.
Além de quebrar a invencibilidade do rival no torneio, o alviverde interrompeu uma sequência de nove jogos sem vitória sobre o rival. E quem decidiu foi justamente aquele que tinha construído a última vitória palmeirense no confronto, há quatro anos, no Allianz Parque. Deyverson marcou duas vezes no 2 a 0 e desde então o Flamengo venceu cinco vezes e empatou outras quatro.
Campeão em 1999 e 2020, o Palmeiras conquista o torneio mais importante do continente. Com isso, o técnico Abel Ferreira iguala o feito de Lula (1962/1963) e Telê Santana (1992/1993). O português mostrou que tem estrela ao repetir a estratégia usada na última decisão e novamente foi certeiro. Em 2020, colocou Breno Lopes em campo e ele fez o gol da vitória por 1 a 0 e justificou a escolha inesperada porque ele havia marcado contra o Vasco dias antes da final. Desta vez, Abel acionou Wesley e Deyverson, autores dos gols no empate diante do Atlético-MG nesta semana.
O técnico do Palmeiras usou todos os recursos que tinha à disposição - manteve o mistério na escalação na véspera da partida e despertou a curiosidade ao convocar o meio-campista Felipe Melo para a última entrevista antes da final. Ele afirmou que o jogador entraria em campo, mas começou no banco de reservas e atuou por apenas alguns minutos, quando o placar estava definido. Danilo e Zé Rafael formaram o meio de campo do Verdão ao lado de Raphael Veiga, que abriu o placar ao receber um passe de Mayke. O lateral, aliás, jogou porque o titular Marcos Rocha estava suspenso.
Durante a ausência do camisa 2, Abel testou formação com três zagueiros e até improvisou Gabriel Menino, mas desta vez preferiu o reserva imediato, em mais uma escolha que se mostrou precisa. Além da participação ofensiva, ele travou um chute de Bruno Henrique em uma das primeiras investidas do rubro-negro - o camisa 27 tinha deixado o zagueiro Luan no chão e teria o gol aberto caso o lateral não fizesse o corte.
A situação do Flamengo complicou ainda no primeiro tempo, quando Filipe Luís sentiu uma lesão e obrigou o técnico Renato Gaúcho a colocar Renê. O Palmeiras aproveitava os espaços deixados pelo rival, que concentrava o jogo pelo meio tanto em avanços do zagueiro David Luiz quanto com Arrascaeta, que protagonizou a finalização mais perigosa da primeira etapa, mas o goleiro Weverton fez boa defesa.
Mesmo sem alterações, o Palmeiras voltou do intervalo melhor. Rony obrigou Diego Alves a espalmar um chute de fora da área e, na sequência, o rubro-negro teve a chance de ampliar com David Luiz e Bruno Henrique, mas na primeira Weverton salvou e na outra a cabeçada saiu rente à trave.
Com a desvantagem no placar e na tentativa de explorar as investidas pelas pontas, Renato Gaúcho colocou Michael, vice-artilheiro do time no Campeonato Brasileiro. No entanto, o Palmeiras também renovou o sangue no meio de campo. A tensão e o desgaste físico típicos do final de jogo fez o árbitro Nestor Pitana distribuir cartões amarelos, porém não houve divididas ríspidas nem interrupções do VAR.
O gol do Flamengo saiu após jogada de Arrascaeta, que enfiou uma bola para o artilheiro Gabigol marcar o terceiro dele em uma final de Libertadores e chutar no canto de Weverton para empatar a partida. O rubro-negro se animou e Michael teve a chance da virada ao receber outra bola açucarada do uruguaio, porém faltou precisão e o chute cruzado saiu direto pela linha de fundo, assustando Weverton.
O 1 a 1 estendeu o jogo até a prorrogação e o tempo extra permitiu aos treinadores usar mais uma substituição. Renato colocou Kenedy na vaga de Bruno Henrique e Abel tirou o autor do gol, que acusou desgaste, e colocou Deyverson. A escolha surpreendeu inclusive porque ele tinha no banco Luiz Adriano, mais experiente e titular na última final de Libertadores, mas que de janeiro para cá perdeu espaço na equipe. E o camisa 9 precisou de apenas cinco minutos para balançar a rede.
Renato Gaúcho ainda colocou Vitinho e Pedro nas vagas de Arrascaeta e Andreas, deixando o time mais ofensivo, mas apesar do volume o Palmeiras soube controlar as ações e soltou pela segunda vez no ano de 2021 o grito de campeão da Libertadores.