Palmeiras rebate CBF e reforça críticas à arbitragem brasileira
- Substituto de Abel Ferreira no último jogo, auxiliar técnico João Martins reclamou após o empate diante do Athletico-PR
- CBF alega xenofobia por parte do português
Por Matheus Nunes
Após a nota oficial emitida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criticando o auxiliar João Martins e insinuando levá-lo ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Palmeiras não ficou em silêncio. O clube divulgou uma resposta contundente, reiterando suas críticas à arbitragem e questionando a postura da entidade.
Em comunicado, o Verdão não apenas defendeu João Martins, mas também listou uma série de questionamentos à CBF. O clube expressou sua indignação diante do que considera "erros graves e recorrentes da arbitragem" e ressaltou que outras pessoas fizeram comentários semelhantes sem serem mencionadas na nota da CBF.
"Diante da nota oficial divulgada pela CBF e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia."
- Nota oficial do Palmeiras
Em coletiva de imprensa após o empate com o Athletico-PR por 2 a 2 nesse domingo (2), o auxiliar português fez duas críticas a arbitragem e declarou que é "ruim para o sistema o Palmeiras ganhar duas vezes" o campeonato. A entidade máxima do futebol brasileiro entendeu que as declarações foram um festival de grosserias e também uma tentativa xenofóbica de diminuir o Brasileirão fora do país.
Sobre a possibilidade de João Martins ser julgado pelo STJD, o Palmeiras demonstrou confiança de que o órgão fará um julgamento equilibrado e imparcial, garantindo a oportunidade de defesa do auxiliar.
Confira a nota completa do Palmeiras:
"Diante da agressiva nota oficial divulgada nesta segunda-feira (3) pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Sociedade Esportiva Palmeiras propõe alguns questionamentos, sempre no sentido de defender os direitos do clube e contribuir com a melhora do produto futebol:
– Por que o comunicado da CBF é endereçado exclusivamente ao Palmeiras, sendo que profissionais de outra equipe da Série A fizeram, também ontem, comentários semelhantes aos do auxiliar técnico João Martins?
– Por que a opinião de um profissional português sobre o futebol brasileiro causou tanto desconforto à CBF se a própria entidade, como é de conhecimento público, busca um treinador estrangeiro para comandar a Seleção Brasileira?
– Qual teria sido a conduta “xenofóbica” de João Martins? Elogiar a qualidade dos jogadores brasileiros?
– Se a gestão da Comissão de Arbitragem investe tanto assim em tecnologia, por que o nosso VAR é incapaz de apontar objetivamente se uma bola ultrapassou ou não a linha de gol, como aconteceu no recente duelo entre Palmeiras e Bahia, pelo Brasileiro?
– Por que o atleta Zé Ivaldo, do Athletico-PR, não foi expulso ontem, após acertar uma cotovelada na nuca do atacante Endrick, em lance revisado pelo VAR?
– Por que no jogo entre Palmeiras e São Paulo, pela Copa do Brasil de 2022, o VAR não traçou a linha de impedimento no lance que originou o gol do nosso adversário e que nos custou a eliminação? Por que a imagem da revisão desta jogada sumiu?
– Por que a Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Wilson Seneme, nunca pediu desculpas ao Palmeiras pelo erro grave cometido pelo VAR na Copa do Brasil do ano passado?
– Por que o Palmeiras, na rodada seguinte após a mais recente Data Fifa, não pôde contar com nenhum de seus três atletas convocados para a Seleção Brasileira?
A Sociedade Esportiva Palmeiras, ao longo dos anos, sempre se preocupou em construir uma relação de saudável parceria com a Confederação Brasileira de Futebol. Há cerca de três semanas, a presidente Leila Pereira esteve na sede da entidade, no Rio de Janeiro (RJ), para conversar com Wilson Seneme, de quem ouviu a promessa de melhorias imediatas na arbitragem.
Na semana seguinte, o vice-presidente da Comissão de Arbitragem, Emerson Carvalho, e o gerente técnico do VAR, Periclés Bassols, chegaram a realizar uma palestra para os profissionais do clube na Academia de Futebol, também com a presença da presidente Leila Pereira.
Contudo, diante da nota oficial divulgada pela CBF e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia.
Confiamos na independência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), evocado pela CBF, e temos convicção de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete".