Pirlo casa com a Juventus, mas escolha por 'ídolo cru' já se provou perigosa em gigantes

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FBL-ITA-CUP-JUVENTUS-MILAN-FINAL / ISABELLA BONOTTO/Getty Images
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Menos de 24 horas após sua precoce eliminação na Champions League, a Juventus já havia confirmado duas grandes mudanças estruturais para a temporada 2020/21: a demissão de Maurizio Sarri seguida do surpreendente anúncio de Andrea Pirlo. A escolha pelo ídolo chocou boa parte da imprensa esportiva, torcedores de outros clubes e fãs juventinos, afinal, o planejamento em torno de seu nome presumia uma maturação de maior/longo prazo.

Não é segredo que a Juventus sempre planejou ter o ídolo trabalhando nos bastidores do clube após sua aposentadoria. Ele vinha estudando e se preparando para ser treinador há três anos, o que levou a Velha Senhora a dar o primeiro passo para inseri-lo em contexto de área técnica: no dia 30 de julho, anunciou a contratação do Maestro para comandar a equipe Sub-23 juventina. Menos de dez dias depois, caiu em seu colo a responsabilidade de comandar o time profissional, do qual fazia parte cinco temporadas atrás.

Profundo conhecedor do futebol italiano, dos bastidores da Juventus e da mentalidade do clube, Pirlo 'casa' com o time de Turim. Dirigentes bianconeros têm profunda admiração por ele, enquanto as arquibancadas o adoram. Em uma análise rasa, poderíamos dizer que esse ambiente positivo é o 'melhor dos mundos' para se iniciar uma carreira, mas sabemos que não é bem assim: a idolatria prévia é uma via de mão-dupla para treinadores crus. Expectativa e responsabilidade aumentam, e um trabalho malsucedido põe em risco todo o legado e feitos anteriores.

No Brasil, o caso de Rogério Ceni é o mais emblemático: promovido ao posto de treinador do São Paulo quase imediatamente após sua aposentadoria, o ex-goleiro não obteve bons resultados nos primeiros meses de trabalho e acabou sendo 'fritado' pela diretoria tricolor. Clarence Seedorf e Gennaro Gattuso não foram bem à frente da área técnica do Milan, enquanto Zidane, um 'case' de sucesso aos olhos de muitos, teve experiências prévias como auxiliar técnico e comandando equipe de juniores antes de assumir o cargo de treinador do Real Madrid.

Sao Paulo v Atletico MG - Brasileirao Series A 2017
Sao Paulo v Atletico MG - Brasileirao Series A 2017 / Alexandre Schneider/Getty Images

O risco assumido pela Juventus é gigantesco e, em português claro, desnecessário. Antecipar a maturação de um profissional que o clube vislumbra ter por muitos anos em seus bastidores parece um passo maior que a perna, principalmente se considerarmos que a Juventus estará sob enorme pressão em 2020/21: o vínculo de Cristiano Ronaldo já caminha para sua reta final, e o tempo em busca da tão sonhada Champions está acabando. Será que o tamanho de Pirlo será suficiente para segurar todo esse contexto? A ver.