Por que Arthur Elias sequer foi cogitado a treinador do ano pela FIFA no futebol feminino?
Por Nathália Almeida
Escolhido para ser não apenas o comandante à beira da área técnica, mas também (e principalmente) um dos pilares para o desenvolvimento do projeto do futebol feminino no Corinthians ainda em 2016 - quando o clube atuava na modalidade ainda em parceria com o Audax -, Arthur Elias caminha para seu sexto ano consecutivo como treinador alvinegro. E não há um título que ele não tenha conquistado neste período.
Entre 2019 e 2020, testemunhamos a versão que consideramos, ao menos até hoje, o auge coletivo de uma equipe do futebol feminino sul-americano nos últimos anos. Múltiplos recordes foram batidos pelo Timão nas últimas duas temporadas, dentre eles a maior sequência de vitórias (28) e a maior invencibilidade (48 jogos). No ano passado, o Timão conquistou Copa Libertadores e Paulistão, duas das três principais competições de seu calendário. Neste ano, ergueu as taças do Brasileirão e também do Paulistão. O bicampeonato da Libertadores não veio por um simples motivo: a competição não aconteceu. Foi adiada para março de 2021, em virtude da pandemia de covid-19.
Todas essas marcas e feitos históricos deveriam ser mais do que suficientes para render ao menos uma indicação a Arthur Elias ao prêmio de melhor treinador do futebol feminino na FIFA. Mas isso jamais aconteceu, o que só escancara como as premiações de caráter 'mundial' distribuídas pela entidade são 100% eurocentradas: para além dos territórios europeus, somente trabalhos de seleções costumam ser lembrados pela entidade, como o de Jill Ellis, que levou a honraria no ano passado muito em função de sua conquista da Copa do Mundo de 2019 com os Estados Unidos.
A negligência ao que acontece no continente sul-americano não é novidade, mas incomoda e com razão. Afinal, somos um dos mercados mais importantes do futebol mundial e fonte inesgotável de talentos, no masculino e no feminino. Com ou sem indicação da FIFA, Arthur Elias continua sendo um dos nomes mais importantes para o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil neste século, dos primeiros passos no Centro Olímpico ao à construção da soberania alvinegra, e só podemos torcer para que o reconhecimento 'de cima' um dia aconteça.