Por que Cruzeiro e Atlético-MG, adversários no clássico desta segunda, são rivais?

O primeiro clássico entre Cruzeiro e Atlético-MG de 2023 é nesta segunda-feira (13) no Estádio Raimundo Sampaio (Arena Independência). Eles ainda se enfrentam pelo menos duas vezes nesta temporada, ambas pelo Campeonato Brasileiro, mas as datas ainda não foram divulgadas pela CBF.

A história começou em 1915, com o Galo levantando o troféu logo de cara. Em seguida houve uma hegemonia do América, decacampeão entre 1916 e 1925, algo jamais alcançado até hoje e o maior jejum de títulos do alvinegro de BH no estadual. Fundado em 1921, o Cruzeiro subiu no alto do pódio pela primeira vez em 1928, quando chamava Società Sportiva Palestra Italia, e emendou logo um tricampeonato.

A maior 'seca' celeste no estadual foi entre 1946 e 1955 e justo neste período o rival conquistou oito dos 10 títulos, sendo inclusive pentacampeão de 1952 a 1956, quando eles dividiram a taça.

Juntos, Cruzeiro e Atlético possuem 12 milhões de torcedores - maioria do lado azul, segundo estudo da Pluri Consultoria divulgado em março de 2022 - e conquistaram 85 títulos do Campeonato Mineiro, um dos fatores que ajudam a explicar o tamanho desta rivalidade, visto que ao longo da história foram 108 edições e em 48 vezes eles fizeram a final ou alternaram entre campeão e vice.

Ao longo da história do estadual, Galo e Raposa só não terminaram em 1º ou 2º lugar em apenas duas ocasiões - em 1964 e 2002, sendo que na primeira delas o clube celeste ficou em 3º e na outra eles sequer participaram da competição porque jogaram a extinta Copa Sul-Minas, vencida justamente pelo clube azul de BH na decisão contra o Athletico-PR.

Em termos de títulos nacionais houve confronto direto entre eles apenas uma vez, em 2014, na final da Copa do Brasil.

Ambos os jogos foram em Belo Horizonte. Luan e Dátolo fizeram 2 a 0 na Arena Independência e Diego Tardelli ampliou a vantagem na partida de volta, no Mineirão. O 3 a 0 no agregado garantiu a festa da torcida alvinegra.

Os cruzeirenses rebatem que no geral possuem mais conquistas - 10 contra quatro, considerando Campeonato Brasileiro (1966, 2003, 2013, 2014) e Copa do Brasil (1993, 1996, 2000, 2003, 2017, 2018). Já os atleticanos ficaram com o troféu do Brasileirão em 1971 e 2021, ano do segundo título da Copa do Brasil.

Como o futebol é feito de ciclos, na década de 70 a torcida celeste ganhou um motivo extra para comemorar, afinal a geração de Raul, Nelinho, Piazza, Jairzinho, Palhinha, Dirceu Lopes e cia sagrou-se campeã da Libertadores em 1976. Logo depois o Galo emendou um hexacampeonato estadual entre 1978 e 1983.

Em 1997 a América voltou a ser pintada de azul outra vez, graças ao time que reunia estrelas como Dida, Gelson Baresi, Marcelo Ramos e Elivelton, autor do gol na final. Os atleticanos só sentiram este gostinho uma vez, em 2013, quando Victor, Réver e Ronaldinho Gaúcho brilharam.

Se considerarmos outras competições oficiais em nível continental o Cruzeiro faturou mais, contabilizando Libertadores (1976, 1997), Supercopa (1991, 1992) e Recopa (1998), cinco ao todo, um a mais do que o rival, vencedor da Libertadores (2013), Recopa Sul-Americana (1992) e Copa Conmebol (1992, 1997).

Um fato que está prestes a aquecer esta longa rivalidade é o estádio próprio. A Arena MRV está prevista para ser inaugurada este ano e enquanto isso Ronaldo Fenômeno e outros dirigentes que comandam o futebol cruzeirense negociam acordos com o Mineirão e a Arena Independência, que pertencem ao governo mineiro e América, respectivamente.

A maior goleada do Clássico Mineiro data de 27 de novembro de 1927, um 9 a 2 a favor do alvinegro em Belo Horizonte, na primeira casa do América, conhecida como Rua Paraopeba, atual Avenida Augusto Lima. Já o placar mais elástico a favor da Raposa foi em 2011, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas (MG), um 6 a 1.

Já o recorde de público foi em 4 de maio de 1969, quando os 123 mil torcedores presentes no Mineirão acompanharam uma vitória do Cruzeiro por 1 a 0 com gol de Natal. A maior invencibilidade entre eles também pertence ao Atlético - 13 jogos (cinco vitórias e oito empates entre 1985 a 1987). O Cruzeiro chegou perto neste século, entre 2007 e 2009, com dez vitórias e dois empates.