Por que o RB Leipzig é o único clube da marca que oficialmente não leva o nome da Red Bull
Por Rodrigo Salomao
Um projeto de médio prazo que vê seu ápice nesta temporada, o RB Leipzig chegou à semifinal da Champions League pela primeira vez em sua história. Adversários do PSG de Neymar nesta terça-feira, os alemães parecem prontos para voltar a surpreender. O que nem todo mundo sabe, no entanto, é que embora tenha as iniciais da empresa, "RB" não é de Red Bull, como vemos por exemplo com o Red Bull Bragantino no Brasileirão.
As duas primeiras letras se referem ao termo RasenBallsport, que numa tradução literal significa "esporte com bola sobre a grama" em alemão. O nome oficial da equipe, portanto, é RasenBallsport Leipzig e. V. Mas por que foi adotada tal medida bem no país em que o projeto se mostrou melhor consolidado? A resposta está na própria pergunta: o país. Ou melhor, a legislação dele:
"A principal razão pela qual o RB Leipzig não pode ser chamado de Red Bull Leipzig é a chamada regra "50 + 1" na Alemanha. Isso significa que não é permitido que uma pessoa ou empresa possa deter a parte majoritária de um clube, nem seu nome. Então, você não pode ter mais de 49% de um clube oficialmente. Há uma exceção: se alguém patrocinou um clube por mais de 20 anos ininterruptos e significativos, é permitido obter mais do que esses 50%. Existem alguns clubes na Alemanha: Bayer Leverkusen, VfL Wolfsburg (Volkswagen) e Hoffenheim (Dietmar Hopp, fundador da SAP)", esclarece Simon Zimmermann, editor de conteúdo do 90min na Alemanha.
Para compreender melhor, é bom visualizar o contexto do projeto. Em 2009, a Red Bull comprou a licença do SSV Markranstädt, modesto clube da quinta divisão, e traçou uma meta: subir para a Bundesliga em, no máximo, uma década. Esta, aliás, nem foi a primeira tentativa de compra. Três anos antes, a empresa se aproximou da aquisição do Sachsen Leipzig, porém os protestos dos torcedores apegados à tradição do clube interromperam a ideia no meio. Em agosto de 2016, lá estava o RB Leipzig na primeira divisão. Objetivo alcançado com antecedência. Até superado.
E se os mais adeptos do "futebol raiz" torcem um pouco o nariz para o investimento repentino em equipes que já tinham certa tradição como o Manchester City e o próprio PSG, com o RB Leipzig há uma aversão maior, principalmente entre os próprios alemães:
"A controvérsia do Leipzig é muito grande aqui na Alemanha. Muitos torcedores realmente os odeiam, porque aqui os fãs são em sua maioria tradicionalistas. E o Leipzig é tudo o que os Ultras mais desprezam: sem tradição, um "clube de plástico", por assim dizer. Com pouca torcida e cultura de clube - e o principal motivo: é visto apenas como um produto de marketing da Red Bull", completou Simon.
Marketing ou não, o fato é que, com muito futebol dentro das quatro linhas, o projeto capitaneado pelo jovem técnico Julian Nagelsmann chegou a um patamar que parecia inimaginável em 2009, quando tudo começou. Um projeto que ganhou asas e agora tem novos voos, com a glória na Europa a dois jogos de distância.