Prata em 2008, Erika fala sobre experiência olímpica e ambição para Jogos de Tóquio: 'Quero esse ouro'
Por Nathália Almeida
Aos olhos do mundo, a camisa verde e amarela é referência: é sinônimo de talento e fonte de inspiração para muitos que sonham alto. No universo do futebol feminino, isso não muda: escolas tradicionais europeias - Suécia, Noruega, Alemanha e tantas outras -, e especialmente os Estados Unidos, respeitam demais a Seleção Brasileira Feminina por todas as suas contribuições para o desenvolvimento e solidificação da modalidade.
Infelizmente, em nosso país ainda predomina a cultura de cultuar apenas o "grande campeão", o primeiro colocado, a medalha de ouro. Mas para Erika, atleta do Corinthians e da Seleção Brasileira, a prata conquistada nos Jogos Olímpicos de 2008 tem um valor grandioso. Em papo exclusivo com o 90min, a zagueira - que disputará sua quarta edição de Olimpíadas este ano, em Tóquio -, falou um pouco sobre o que é ser uma medalhista olímpica:
"Ter uma medalha olímpica, 2008, foi a minha melhor Olimpíada, de verdade. Só que em cada você aprende uma coisa, né? Cada Olimpíada você vê o que pode e o que não pode fazer, como tratar uma pessoa ou como deixar de tratar, como levar um jogo, o outro… Eu vejo em cada Olimpíada o quanto eu evoluí como atleta. Eu lembro que quando eu cheguei com a medalha de prata eu falava: 'Meu deus do céu, olha isso. Que coisa mais linda', aquele negócio pesado… Quantas pessoas no meu país têm uma medalha olímpica? Seja de ouro, de prata ou de bronze, quantas pessoas? Pouquíssimas. Então, pra mim, o que representa é grandioso, é grandioso"
"O que eu deixaria de conselho pra essas meninas novas? Cara, começa a pensar em tudo isso, nos detalhes. No detalhe você cresce, detalhe faz a diferença. O simples é muito importante na vida de muitas pessoas, e elas não conseguem observar isso. Atos simples, falas simples, um bom dia, um boa tarde, um boa noite te faz crescer como pessoa, como atleta, como tudo. E que pense em tudo isso que você está representando (...) Todos os dias na Seleção Brasileira pode ser o seu último, é seu último jogo, é seu último treino, seu último momento e oportunidade. Então agarra, agarra porque você está representando milhares de pessoas", continuou.
Programada para 5h de Brasília da próxima quarta-feira, 21 de julho, a estreia da Seleção Feminina nos Jogos Olímpicos de Tóquio será contra a China. Na leitura de Erika, trata-se de um adversário técnico e que pode dificultar a vida da Canarinho, ainda que o Brasil tenha vencido as chinesas com propriedade na primeira rodada das Olimpíadas de 2016.
"No geral, todas as seleções estão se fortalecendo, não tem mais seleção besta. A China é muito técnica. Porque elas trabalham com detalhe, elas trabalham assim. Ter disciplina tática é muito importante, e elas são boas tecnicamente. Eu digo que é uma seleção que vai dar trabalho, então a gente não pode bobear", cravou.
Dona de um vasto currículo de conquistas por clubes, a defensora sequer hesitou para responder qual é o maior sonho profissional que ainda falta realizar em sua carreira.
"Eu quero essa medalha de ouro, não adianta. Se for minha última oportunidade de campeonato pela Seleção Brasileira, eu quero uma medalha de ouro, em Olimpíadas ou Mundial"
- Erika, em entrevista ao 90min
Será que vem aí? O certo é que nós, do outro lado do mundo, estaremos na torcida!