Presidente da Fifa rebate críticas à Copa do Mundo: 'Hoje me sinto catari, gay e imigrante'

Em longa entrevista coletiva, Gianni Infantino trouxe memórias da próxima experiência para tentar se aproximar das minorias
Em longa entrevista coletiva, Gianni Infantino trouxe memórias da próxima experiência para tentar se aproximar das minorias / Marc Atkins/GettyImages
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Em entrevista coletiva concedida neste sábado, 19, em Doha, no Catar, Gianni Infantino, o presidente da Fifa, foi questionado sobre os aspectos políticos e humanitários do país sede da Copa do Mundo. A um dia da abertura do Mundial, o local segue sendo alvo de críticas devido ao tratamento dado às minorias ao longo da história.

"Hoje estou com sentimentos muito fortes. Hoje me sinto catari. Hoje me sinto árabe. Hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um trabalhador imigrante."

Gianni Infantino, presidente da Fifa
Gianni Infantino, presidente da Fifa
Mandatário abordou vários assuntos na coletiva / Marc Atkins/GettyImages

Em resposta às críticas, o mandatário ressaltou a grandeza do Mundial: "Não assista. É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Catar isso, porque a Fifa aquilo... mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos".

"Porque nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história", completou. Em mais uma tentativa de se aproximar das minorias, Infantino relembrou sua infância e disse ter enfrentado discriminação por ser estrangeiro, ter cabelos ruivos e sardas.

"Claro que eu não catari, nem árabe, nem africano, nem gay, nem deficiente, nem um trabalhador imigrante. Mas eu sinto, eu sei como é ser discriminado, como é ser tratado como um estrangeiro. Como criança na escola eu sofria bullying, porque eu tinha cabelo ruivo e sardas. Eu era italiano, então imagine, eu não falava bom alemão", destacou.

"O que você faz? Você vai para o seu quarto, fica mal, chora. E então tenta fazer amigos, tenta convencer os amigos a se relacionar com outros e outros. Não acusa, não insulta. Você começa a se engajar. E isso é o que nós deveríamos fazer", seguiu. Na longa entrevista, o presidente teceu comentários sobre o tratamento dos trabalhadores migrantes no país.

"Quem está realmente se importando com os trabalhadores? A FIFA se importa, o futebol se importa, a Copa do Mundo se importa e, para ser justo com eles, o Catar também. Eu estive em um evento alguns dias atrás, onde explicamos o que estávamos fazendo nesta Copa para pessoas com deficiência... 400 jornalistas estão aqui. Aquele evento foi coberto por 4 jornalistas", pontuou.

"Há 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo. Ninguém se importa. Ninguém se importa. Quatro jornalistas", concluiu. A Copa do Mundo começa neste domingo, 20 de novembro. A cerimônia de abertura está marcada para acontecer às 12h de Brasília, no estádio Al Bayt. Às 13h, Catar e Equador entram em campo para a primeira partida do torneio.