Racismo institucional do Brusque precisa ser punido com perda de pontos e patrocinadores
Por Breiller Pires
Na tentativa de acobertar o racismo institucional de seus dirigentes, o Brusque acabou emitindo um atestado de culpa. Grotesco, abjeto e imperdoável. Após o meia Celsinho, do Londrina, denunciar injúrias raciais que teriam partido de um dos ocupantes do camarote utilizado por dirigentes do time catarinense no estádio Augusto Bauer, a reação da parte acusada conseguiu ser tão repugnante quanto o ato em si.
Essa é a terceira vez que o jogador sofre ofensas racistas na atual edição da Série B do Campeonato Brasileiro. Fato distorcido pela diretoria do Brusque, que, de maneira desonesta, se aproveitou da situação para tentar culpar a vítima em nota oficial publicada neste domingo.
"O atleta é conhecido por se envolver neste tipo de episódio. Esta é pelo menos a terceira vez, somente este ano, que alega ter sido alvo de racismo, caracterizando verdadeira 'perseguição' ao mesmo", argumentou a cúpula da equipe catarinense, antes de atestar a própria confissão de racismo.
"Importante esclarecer que, ao árbitro, o atleta não relatou ter sido chamado de 'macaco', mas sim que teriam dito 'vai cortar esse cabelo de cachopa de abelha', o que constou da súmula e revela a total contradição nos seus relatos."
Embora diga condenar práticas de discriminação racial, a diretoria do Brusque nega o racismo com uma nota oficial racista, sobretudo por insinuar que a grave denúncia de Celsinho tem a ver com oportunismo.
Na maioria dos casos de racismo, os tribunais de Justiça Desportiva costumam alegar falta de provas ao evitar punições severas aos agressores. Dessa vez, a evidência é pública e notória diante de um comunicado oficial que apenas endossa a ofensa denunciada pelo atleta.
Por se tratar de racismo institucional, chancelado pela postura oficial da diretoria, o Brusque deveria perder pontos no âmbito esportivo, além de ter dirigentes indiciados nas esferas civil e criminal por cumplicidade com o racismo.
O posicionamento da instituição ainda precisa gerar revolta nos próprios torcedores do clube e nos patrocinadores, pois quem se cala ou passa pano para o racismo é igualmente cúmplice.
Escândalo digno de punição severa e exemplar. Mas que, infelizmente, não surpreende a quem conhece parte dos investidores do Brusque e os valores pregados por eles fora do campo.