Reações à manifestação de Casemiro mostram o quanto a Copa América virou um instrumento político no Brasil
Por Fabio Utz
Desde segunda-feira nenhum jogador dava entrevista na seleção brasileira. Coube a Casemiro, capitão da equipe na vitória sobre o Equador, em Porto Alegre, ir aos microfones no pós-jogo e deixar claro, mesmo que nas entrelinhas, o total descontentamento do grupo de jogadores com a realização da Copa América no Brasil. E isso, por mais incrível que possa parecer, foi levado pelos torcedores para o lado político.
Tão logo o volante disse que a posição dos atletas é conhecida (mesmo que ainda não se tenha ela como oficial) as redes sociais foram inundadas por manifestações a favor ou contra os profissionais. E o pior: quase que com um clima bélico. Ofensas contra o meio-campista do Real Madrid viraram realidade, enquanto outros torcedores tentavam entender o momento vivido pelo país e a falta de necessidade em se trazer um torneio deste porte para cidades que, sim, ainda são foco da pandemia de coronavírus.
"Nosso posicionamento todo mundo sabe, mais claro impossível, Tite deixou claro nosso posicionamento e o que nós pensamos da Copa América. Existe respeito e uma hierarquia que temos que respeitar, e claro que queremos dar nossa posição."
- Casemiro, volante do Brasil
Fazia muito tempo que alguém, mesmo com "meias palavras", não era tão claro em suas declarações. O grupo de jogadores do Brasil está prestes a externar uma posição histórica. Se colocar contra a CBF é mostrar a vontade de romper com uma estrutura que, há muito, está viciada em amarras e interesses pessoais. E é isso que deveria ser levado em conta por quem escuta Casemiro.
A Copa América não pode ser utilizada como instrumento de manobra por dirigentes ou por aqueles que comandam o Brasil. E os torcedores, gostando ou não da seleção, gostando ou não de Rogério Caboclo, gostando ou não de Jair Bolsonaro, deveriam entender de vez essa situação, mesmo que não queiram.
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