A reconstrução que fez o Flamengo "campeão de tudo" após frustração do vice da Copa do Brasil em 2017
- Rubro-negro passou por grave crise financeira na última década
- Novo modelo de gestão reduziu a dívida e pavimentou caminho para enfileirar taças
Por Bia Palumbo
O Flamengo que nesta década é apontado como favorito a cada competição que disputa colhe os frutos de uma gestão que mudou a estrutura do clube, mas pagou o preço.
Houve um hiato sem conquistas nacionais entre 2014 e 2018, quando o presidente era Eduardo Bandeira de Mello, administrador de empresas que levou para a Gávea a experiência de 35 anos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Como equacionar projeto esportivo e redução de custos? O estudo envolveu a equação de dívidas a curto, médio e longo prazo, contabilizando acordos trabalhistas e pendências com fornecedores, por exemplo.
Além disso, faltavam os impostos, algo negociado após a adesão ao PROFUT (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro), uma iniciativa para incentivar os clubes a parcelar débitos - tributários ou não - com o Governo Federal.
Neste meio tempo era necessário formar um time competitivo, mas algumas contratações não vingaram - como Paolo Guerrero, por exemplo. Chegou com status de estrela e o ciclo encerrou após rescisão de contrato. As críticas aumentaram sem resultados expressivos dentro de campo. Neste período o Fla levantou duas taças do Campeonato Carioca (2014 e 2017) e quando foi campeão caiu ainda na fase de grupos da Libertadores.
Em 2017 o Rubro-negro esteve perto de quebrar este jejum de títulos. A geração que tinha jovens como Lucas Paquetá e Vinícius Jr chegou à final da Copa do Brasil. A decisão contra o Cruzeiro foi bem disputada, com dois empates consecutivos e só acabou nos pênaltis.
O primeiro gol saiu na reta final do segundo tempo, com Paquetá. Ele balançou a rede aos 30, mas Arrascaeta deixou tudo igual oito minutos depois, um verdadeiro balde de água fria para a maioria que estava no Maracanã. A torcida rubro-negra pressentia que vencer aquela partida poderia ser fundamental na luta pelo título. No Mineirão o placar acabou zerado, mas o experiente Diego perdeu o pênalti e os 100% de aproveitamento do rival mineiro garantiram a festa celeste.
A conquista foi adiada, mas aqueles dois talentos que hoje brilham na Seleção Brasileira despertaram interesse do exterior. A venda era um caminho natural e pode-se dizer que desde 2017 o Flamengo arrecadou 194 milhões de euros (cerca de R$ 1.194,57 bilhão na cotação atual) em venda de jogadores formados na base.
A história começou a mudar a partir de 2018, quando chegou às oitavas de final e no ano seguinte veio o troféu. Dali em diante foram 10 títulos desde 2019. O clube conseguiu reduzir R$ 600 milhões em dívidas se comparar o cenário de 2013 com o de 2023.
Títulos do Flamengo desde 2019
- Campeonato Carioca (2019, 2020, 2021, 2024)
- Libertadores (2019, 2022)
- Supercopa do Brasil (2020, 2021)
- Recopa Sul-Americana (2020)
- Copa do Brasil (2022)