Romário e Marcos Braz estão sob investigação da PF por desvio em projetos esportivos
- Inquérito aberto no início deste mês revelou indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro
- Base da investigação da PF é a delação do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva
Por Izabelle França
Uma investigação conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público resultou em acusações contra o senador Romário e o vereador Marcos Braz, vice-presidente do Flamengo, ambos do PL do Rio de Janeiro. Um inquérito foi aberto no início de maio no Supremo Tribunal Federal (STF), após uma delação premiada do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva, que revelou indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O inquérito corre sob sigilo e está sob a relatoria do ministro Kassio Nunes Marques.
Marcus Vinícius foi acusado de desviar recursos de projetos sociais do Governo e da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ele chegou a ser preso em 2019 na Operação Catarata, mas assinou um acordo de delação premiada com a Procuradoria Geral da República no ano seguinte.
A base da investigação da PF é a delação do empresário Marcus Vinícius Azevedo da Silva, que também já foi funcionário da prefeitura da capital carioca. O portal Uol noticiou com exclusividade que Marcos Braz, na época em que ocupava o cargo de Secretário Municipal de Esportes do Rio - cargo indicado por Romário-, assinou dois contratos com a ONG Cebrac, no valor total de R$ 13 milhões, ambos em 2015. De acordo com o delator, o primeiro contrato, no montante de R$ 4,5 milhões, ocorreu em julho para a gestão da Vila Olímpica do Greip (Grêmio Recreativo e Esportivo dos Industriários da Penha), enquanto o segundo, no valor de R$ 8,5 milhões, foi assinado em novembro para a administração da Vila Olímpica Nilton Santos.
Braz era o responsável pelo recolhimento dos valores para "favorecimento ilícito de Romário". Segundo a reportagem, o dinheiro desviado foi obtido através da ONG, utilizando valores superfaturados em relação aos serviços prestados. Tanto que o Tribunal de Contas do Município (TCM) chegou a pedir esclarecimentos referentes ao primeiro contrato em 2015, devido ao aumento significativo do valor pago pelos serviços em relação aos anos anteriores. Houve um acréscimo de quase 50% em relação a 2014 e 2015, passando de R$ 127,5 mil para R$ 188,6 mil. Contudo, o TCM acabou arquivando o processo. Um processo também foi aberto para investigar o segundo contrato, mas ainda não houve uma decisão final sobre o caso.
Romário nega a acusação em nota
Para o portal UOL, Romário enviou uma nota através de sua assessoria de imprensa, alegando que as informações da delação são infundadas e que ele possui “confiança na Justiça e no inquestionável arquivamento da investigação”.
"A delação do Sr. Marcus Vinícius Azevedo da Silva é baseada em fatos que não condizem com a realidade, tanto é que o STJ anulou na semana passada o recebimento da denúncia fundada na versão dada pelo réu confesso que, para tentar barganhar qualquer benefício com a Justiça, tenta criar fatos que não ocorreram. Matéria pública.
A delação deve sempre ser lastreada em provas que se coadunem com a versão dada pelo colaborador, o que fica nítido não ser o caso específico, que possui narrativa vaga e imprecisa.
O senador Romário não responde pelas ações do secretário no exercício de suas funções. Ele reafirma sua confiança na Justiça e no inquestionável arquivamento da investigação.
Trata-se de um criminoso tentando se safar usando o nome do senador mais votado da história do seu estado”.