Sem citar Marta, Alex Morgan lamenta despedidas da Copa do Mundo: "Me deixam mais motivada"
- Estados Unidos e Suécia entram em campo neste domingo (6), pelas oitavas de final
- Alex Morgan e o técnico Vlatko Andonovski concederam entrevista coletiva em Melbourne
Estados Unidos e Suécia entram em campo neste domingo, às 6h (de Brasília), pelas oitavas de final da Copa do Mundo feminina, em Melbourne, na Austrália. De um lado, as atuais bicampeãs do torneio, mas que não fizeram uma boa primeira fase: se classificaram em segundo lugar no Grupo E, atrás da Holanda, com dois empates e uma vitória. Do outro, a seleção de segunda melhor campanha na Copa, primeira colocada do Grupo G com três vitórias.
Dos dois lados do confronto, jogadoras históricas que podem entrar em campo pela última vez com suas seleções no maior palco do futebol mundial. Megan Rapinoe, atacante dos EUA e do OL Reign, destaque do Mundial de 2019, eleita melhor jogadora do mundo e um dos maiores ícones do esporte feminino e norte-americano, com atuação política e grandes feitos dentro e fora de campo, aos 38 anos, já afirmou que esta será sua última Copa – a quarta.
Na seleção sueca, Caroline Seger, meia do FC Rosengard, joga sua quinta Copa do Mundo e, aos 38 anos, também se despede na Austrália. Referência da atual geração e uma das melhores atacantes do mundo, Morgan falou sobre ambas as atletas que considera agentes de mudança no futebol.
"Tanto Megan Rapinoe como Caroline Seger tiveram carreiras incríveis e estou muito otimista sobre nossas chances amanhã. Mas de qualquer forma, essas são jogadoras que realmente mudaram o jogo, não somente na Suécia e nos Estados Unidos, mas no mundo todo. Sou grata por ter jogado com elas, são grandes companheiras e foram líderes por tanto tempo, nos palcos mais importantes", disse a camisa 13.
"Rapinoe e Seger tiveram impacto gigante e o jogo sentirá muita falta delas. Elas ajudaram a pavimentar o caminho para uma nova geração surgir e poder jogar futebol de maneira melhor. "
- Alex Morgan, atacante dos EUA
Despedidas eminentes e que serão sentidas demais no jogo das mulheres, mas que não são as primeiras desse Mundial. Brasil, atual campeão da Copa América e vindo de sequência positiva no embate recente com fortes seleções europeias, Canadá, atual campeão olímpico, e Alemanha, bicampeã mundial e vice da Eurocopa, caíram na fase de grupos de maneira inesperada, encerrando de maneira amarga a participação das lendas Marta, Christine Sinclair e Alexandra Popp na competição – para sempre.
"Ver a Alemanha ser eliminada dessa maneira foi difícil de assistir. Ver jogadoras como a Popp, que tenho enfrentado em grande parte da minha carreira e em diversos torneios, tanto de base como profissionais, ter esses três jogos e chegar ao fim do caminho é sempre difícil de ver. Acho que ninguém que estava assistindo ficou feliz com isso. É difícil", disse Morgan.
"Mas também vemos a felicidade dos times que estão passando e não pensaram que suas chances eram altas e conseguiram fazer o milagre acontecer. Futebol é sobre isso, sobre trazer alegria para o jogo, ver os sorrisos, comemorar umas com as outras, saber que só uma das 32 seleções estará sorrindo no final. Isso é difícil, mas estamos todas brigando para ser esse time", completou.
"Me deixa mais motivada ver essas emoções, pois os Estados Unidos estão entregando tudo nesse torneio e vamos continuar lutando e entregando mais. "
- Alex Morgan, atacante dos EUA
"É amargo e doce ao mesmo tempo, porque sentimos por elas, mas ao mesmo tempo estamos focadas em nós mesmas, sabendo que temos essa oportunidade maravilhosa", encerrou.
Maior campeã com quatro títulos, a seleção dos Estados Unidos chegou como favorita ao Mundial da Austrália e Nova Zelândia, porém, o desempenho na fase de grupos -- empates com Holanda e Portugal e vitória sobre Vietnã -- gerou questionamentos sobre o nível de futebol e realidade do time no campeonato. Carli Lloyd, ex-camisa 10 da seleção, criticou muito a postura e o que viu no jogo contra Portugal. "A trave foi a melhor jogadora da partida", disse na Fox Sports, onde é comentarista.
'"Estou vendo um time sem brilho, sem inspiração, que está tomando como certa a classificação — onde vencer, treinar e fazer tudo o que pode da melhor forma possível para encontrar seu melhor individualmente não está acontecendo", disse a ex-jogadora.
Na coletiva, o técnico Vlatko Andonovski respondeu à crítica quando questionado pelos jornalistas presentes. "Ninguém pode criar padrões pra esse time mais altos do que elas mesmas criaram, não importa como elas estavam jogando, a gente sempre olha pro desempenho e pensa em como pode melhorar. Essa é a mentalidade desse time, sempre tentar buscar uma melhor versão, sempre buscar melhorar. Pra quem está questionando a mentalidade e o padrão desse time depois de tudo o que elas já fizeram, primeiro acho que não é o melhor momento pra isso, mas fico muito feliz com como elas se mantêm firmes e seguem elevando o próprio padrão", finalizou.
No retrospecto histórico, são 26 jogos entre EUA e Suécia, com 13 vitórias norte-americanas, 8 empates e 5 vitórias suecas. Desde a última Copa do Mundo, em 2019, foram quatro encontros: na Copa, na França, vitória dos EUA por 2 a 0. Em amistoso em 2019, outra vitória dos EUA, por 3 a 2. Em 2021, outro amistoso, com empate em 1 a 1. No duelo mais recente, nos Jogos Olímpicos de Tóquio, vitória sueca por 3 a 0.