Setién abre o jogo sobre passagem pelo Barcelona e revela: 'Não é fácil gerenciar Messi'
Por Nathália Almeida
A dolorosa temporada 2019/20 ainda ressoa e repercute na Catalunha, e ainda gera longos debates no Camp Nou. Após uma entrevista longa e sem filtros concedida pelo zagueiro Gerard Piqué - você pode conferir trechos dela aqui -, agora foi a vez do técnico Quique Setién, demitido pelo Barcelona após a humilhante goleada de 8 a 2 sofrida ante ao Bayern na Champions League, abrir o jogo sobre seu tempo no clube e sobre os turbulentos bastidores blaugranas.
Em um bate-papo com o lendário treinador espanhol Vicente Del Bosque - material repercutido na íntegra pelo 'El País' - Setién refletiu sobre seus meses na Catalunha e admitiu que não foi, na essência, o mesmo Setién de trabalhos anteriores: "Eu não fui eu mesmo. Não fui capaz, ou não sabia como sê-lo, a realidade é essa. Quando você fecha com um clube da dimensão do Barcelona, já sabe que as coisas não vão ser fáceis, apesar de ter os melhores jogadores do mundo. A realidade é que não poderia ser eu, nem fiz o que tinha que fazer (...) A goleada de 8 a 2 trouxe demasiados danos, entrou para a história do Barcelona negativamente. Assumo minha parcela de culpa e responsabilidade. Um dia escreverei sobre isso", revelou o técnico.
Setién também falou sobre gestão de vestiário e sobre os desafios de trabalhar com um elenco recheado de estrelas, em especial Lionel Messi, o maior ídolo da história do clube. O comandante espanhol voltou a rasgar elogios ao talento e genialidade do camisa 10, mas citou uma 'outra faceta' do craque argentino, extracampo, que só quem está no dia a dia sabe.
"Acredito que o Messi é o melhor de todos os tempos. Houve outros grandes jogadores que foram ótimos, mas a continuidade que esse menino teve ao longo dos anos não foi igualada por ninguém. Talvez Pelé. Mas há outra faceta que não é o jogador e é mais complicada de gerenciar. Muito mais. Algo inerente a muitos atletas como visto no documentário de Michael Jordan [The Last Dance]. Você vê coisas que não espera. Leo é difícil de administrar. E quem sou eu para mudá-lo! Se eles o aceitaram como ele é por anos e não o mudaram...", cravou.
Demitido em agosto, Quique Setién segue livre no mercado de treinadores. Voltar à ativa o quanto antes é o plano? Aparentemente não: "Sinto-me confortável em casa, com o mar, com as famosas vacas. O luto já ficou para trás", concluiu.