Superliga Europeia: perguntas e respostas sobre o novo e controverso torneio

A Superliga Europeia é uma realidade. Mas...
A Superliga Europeia é uma realidade. Mas... / Jonathan Moscrop/Getty Images
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A Superliga Europeia já é uma realidade. Após anos e mais anos de trabalho, a polêmica e controversa competição foi anunciada por meio de um comunicado no último final de semana e gerou muito debate dentro e fora dos corredores de poder do futebol mundial. E isso tende a ser só o começo de uma guerra fria nos bastidores da bola.

O projeto da Superliga Europeia foi anunciado, sem a aprovação da UEFA, por 12 clubes da elite do continente e representa uma mudança radical no futebol que vigora na atualidade. Mas o que, de fato, é a Superliga Europeia? O 90Min Brasil explica.  

O que é a Superliga Europeia?

A Superliga Europeia é uma nova competição continental semifechada para clubes da Europa. Parte dos grandes clubes do continente trabalham há anos para que este projeto venha à tona e que com ele possam obter mais receitas do que com a Champions League.

Quem são as equipas fundadoras da Superliga Europeia?

Os clubes fundadores da Superliga Europeia são: Manchester United, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Manchester City, Liverpool, Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Inter de Milão, Milan e Juventus.

Quais equipes vão jogar a Superliga Europeia?

A Superliga Europeia vai ser disputada por 20 clubes por temporada. Das 20 vagas, 15 serão fixadas: 12 para os clubes fundadores e as outras três para o Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Paris Saint-Germain, que ainda não se posicionaram.

As outras cinco vagas restante serão preenchidas por clubes que se classificarem com base no rendimento da temporada anterior.

E o formato da Superliga Europeia?

A Superliga Europeia vai ser disputada da seguinte maneira: os 20 clubes serão distribuídos em dois grupos de dez, onde se enfrentarão em ida e volta; os três primeiros colocados de cada chave avançarão de forma direta às quartas de final, enquanto os quartos e quintos colocados disputarão duas vagas em um playoff com ida e volta; a partir daí, os clubes vão se enfrentar nas quartas de final e nas semis em dois jogos; e a final será em jogo único e em campo neutro.

Quem são os dirigentes por trás da criação da Superliga Europeia?

Os ‘cabeças’ da Superliga Europeia são: Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, que vai ser o presidente do torneio; Andrea Agnelli, presidente da Juventus, e Joel Glazer, copresidente do Manchester United, que serão vice-presidentes da competição.

“Vamos ajudar o futebol em todos os níveis a ocupar seu lugar que corresponde no mundo. O futebol é o único esporte global com mais de 4 bilhões de torcedores e nossa responsabilidade como grandes clubes é atender os desejos dos torcedores”, declarou Florentino Pérez.

“Os nossos 12 Clubes Fundadores representam milhares de milhões de adeptos em todo o mundo. Nos reunimos neste momento crítico, para que as competições europeias se transformem, dando ao esporte que amamos uma base sustentável para o futuro, aumentando substancialmente a solidariedade. E dando aos adeptos e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimente sua paixão pelo jogo e, ao mesmo tempo, forneça modelos de comportamento envolventes”, completou Agnelli.

“Ao reunir os melhores clubes e jogadores do mundo para jogarem entre si ao longo da temporada, a Super League abrirá um novo capítulo para o futebol europeu, garantindo competição e instalações de classe mundial, e maior apoio financeiro para a pirâmide futebolística mais ampla”, finalizou Glazer.

Real Madrid, Juventus e Manchester United foram três dos principais instigadores da Superliga Europeia.

Quando será disputada a Superliga Europeia?

A Superliga Europeia ainda não tem uma data definida para começar, mas a intenção dos clubes fundadores é que comece o mais rápido possível. A expectativa é que possam dar largada no torneio na próxima temporada.

A Superliga Europeia é compatível com as ligas nacionais? E com a Champions League?

A Superliga Europeia é compatível com o calendário tradicional das ligas nacionais de cada país. Em comunicado, os criadores do torneio alegam que não há intenção de acabar com os torneios de cada país: “Todos os clubes vão continuar a competir nas respectivas ligas nacionais, preservando assim o calendário tradicional”.

O grande perdedor, de fato, seria a Champions League como a conhecemos hoje. Isto porque, os clubes que entrarem na Superliga não teriam como participar da maior liga de clubes do mundo da atualidade – a qual precisaria encontrar outras equipes para continuar ativa.

A Superliga tem previsão de começar a ser disputada em agosto e de acabar no mês de maio do próximo ano. Os jogos seriam disputados nos dias de semana, deixando os finais de semana livres para os torneios nacionais – como já é de praxe.

Quem é prejudicado pela Superliga Europeia?

Como destacado acima, o surgimento da Superliga afeta diretamente a Champions League, uma competição fadada a se renovar ou morrer. Porém, outros lados também seriam prejudicados. As ligas nacionais sofrerão, por exemplo, com direitos de televisão, uma vez que as emissoras pagarão mais pelos jogos da Superliga do que pelas competições nacionais. E isso impacta muito nas finanças das equipes que não participarão da nova competição.  

Um ponto importante é que vários clubes importantes do Velho Continente ficaram de fora da Superliga: Benfica, Ajax e Porto, por exemplo. Esses clubes, que também já conquistaram a Europa, precisarão correr atrás de uma vaga no torneio.

Qual é a posição da UEFA e das federações em relação à Superliga Europeia?

A UEFA sempre se posicionou contra a Superliga Europeia. Após o anúncio, a entidade se pronunciou de forma severa contra o torneio:

"A Uefa, a Associação de Futebol Inglesa (FA), a Premier League, a Real Federação de Futebol Espanhol (RFEF), La Liga, a Federação de Futebol Italiana (FIGC) e a Serie A tomaram conhecimento de que alguns clubes de Inglaterra, Espanha e Itália estariam planejando anunciar a criação de um torneio fechado, denominado como Superliga.



Se isso acontecer, gostaríamos de reiterar que a UEFA, a FA, a RFEF e as ligas citadas, bem como a Fifa e todas as nossas associações-membros permancerão unidas em nossos esforços para parar esse projeto cínico, fundado em interesses próprios de poucos clubes em um momento em que a sociedade precisar mais do que nunca de solidariedade.



Agradecemos àqueles clubes em outros países, em especial os franceses e os alemães, que se recusaram a assinar a ideia. Convocamos todos os amantes do futebol, torcedores e políticos a se juntar a nós na luta contra tal projeto, se este for anunciado. Esse interesse próprio persistente já foi longe demais. É o suficiente."

O Campeonato Inglês e o presidente da LaLiga também se posicionaram contra a Superliga: "A Premier League tem o orgulho de organizar uma competição de futebol competitiva e envolvente que a tornou a liga mais vista do mundo. Nosso sucesso nos permitiu fazer uma contribuição financeira incomparável para a pirâmide do futebol nacional.

Uma Superliga Europeia minará o apelo de todo o jogo e terá um impacto profundamente prejudicial nas perspectivas imediatas e futuras da  Premier League  e dos seus clubes membros, e de todos aqueles no futebol que dependem do nosso financiamento e solidariedade para prosperar”.

A FIFA, por sua vez, também mostrou sua desaprovação a Superliga Europeia e pediu um diálogo maior. "A FIFA só pode expressar sua desaprovação a uma "liga europeia fechada" fora das estruturas internacionais do futebol e não respeitando os princípios acima mencionados”.

Quais serão as consequências para quem jogar a Superliga Europeia?

A UEFA ameaçou os 12 Clubes Fundadores de os expulsar de todas as competições organizadas pela entidade. Além disso, o órgão informou que os jogadores dessas equipes também serão penalizados e poderão se proibidos de disputar a Eurocopa.  

“Consideráramos todas as medidas disponíveis, em todos os níveis, tanto judicialmente, quanto no nível esportivo, para evitar que isso aconteça. O futebol é baseado em competições abertas e mérito esportivo, e não pode ser de nenhuma outra forma. Como anunciado anteriormente pela Fifa e pelas seis confederações, os clubes envolvidos serão banidos de disputar qualquer outra competição nacional, europeia ou mundial, e seus jogadores podem ver negadas as oportunidades de representar suas seleções”, diz trecho da nota da UEFA.

Além disso, de acordo com informações da La Gazzetta dello Sport, eles estão preparando uma reclamação em que reivindicariam entre cinquenta mil e sessenta bilhões de euros.

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