Surpresa de Lucy Bronze ao vencer 'The Best' escancara tamanho do erro na premiação
Por Nathália Almeida
Na tarde da última quinta-feira (17), conhecemos os vencedores das principais premiações individuais distribuídas pela FIFA ao final de cada ano. No futebol masculino, nenhuma surpresa quanto à grande honraria da noite, vencida com justiça pelo implacável Robert Lewandowski, autor de 59 gols e campeão de tudo na temporada 2019/20.
Quanto ao prêmio de melhor jogadora do futebol feminino, não podemos dizer que o resultado final contemplou a realidade da temporada: a eleição de Lucy Bronze como melhor do mundo gerou enorme debate nas redes sociais entre fãs da modalidade, afinal de contas, a lateral-direita inglesa era a menos favorita dentre as três finalistas ao prêmio. A própria camisa 2 reagiu com espanto ao resultado, confessando que não tinha um discurso preparado e que foi pega de surpresa.
É bem verdade que a camisa 2 conquistou tudo com a camisa do Lyon na temporada 2019/20: Copa da França, Campeonato Francês e Champions League. Mas podemos dizer exatamente a mesma coisa da zagueira Wendie Renard, capitã lionesa que também figurava entre as finalistas. Renard, por sinal, teve uma temporada mais impactante em números e atuações em relação à Bronze, por sua liderança moral e técnica no miolo de zaga do time francês, além de sua enorme importância ofensiva nas bolas aéreas, onde é dominante. Para se ter uma ideia, Renard somou quase 20 participações diretas para gols do Lyon na temporada, enquanto Bronze não teve nem metade disso.
Mas a grande injustiça da noite não está nem na derrota de Wendie Renard, mas sim de Pernille Harder, a terceira finalista. A atacante dinamarquesa 'só não fez chover' em 2019/20, conquistando a dobradinha nacional na Alemanha (Copa e Frauen Bundesliga) e levando o Wolfsburg novamente a uma final de Champions. O título europeu escapou, afinal, as alemães encararam a 'seleção do Lyon', mas Harder fez história com seus 38 gols marcados entre essas três competições. O fato de jogar em um time menos badalado e com menos recursos técnicos (em comparação ao Lyon) só reforçam o tamanho da temporada de Harder, individualmente falando. Um erro dos grandes, que escancara como o futebol feminino ainda é visto de forma rasa e superficial pelas entidades e profissionais com direito a voto nessas premiações.