Tendência de ídolos voltarem para casa como treinadores virou moda. É garantia de sucesso?
Por Lucas Humberto
Buscando reencontrar o caminho das vitórias, o Barcelona se despediu de uma "prata da casa" e apostou em outra. Embora Xavi Hernández tenha mais status de ídolo perante a geração mais jovem de torcedores, a chegada do espanhol mantém a mesma filosofia de trabalho que trouxe Ronald Keoman: grandes jogadores que voltam aos seus clubes como treinadores.
Tendência no futebol europeu, os retornos de filhos pródigos passam longe de ser uma ciência exata. Dentro da própria LaLiga temos duas amostragens completamente distintas: Zinédine Zidane, uma lenda na área técnica do Real Madrid; Koeman, em contrapartida, teve suas marcas restritas ao que foi feito dentro das quatro linhas.
Apesar da imprevisibilidade no tema, podemos afirmar que a moda não dá tão certo assim. Quer ver só? Pegue dois exemplos recentes: Frank Lampard no Chelsea e Andrea Pirlo na Juventus. Aliás, justiça seja feito ao italiano, que acabou pagando o preço por etapas puladas pelos próprios dirigentes.
No caso do inglês, não há muitas desculpas possíveis. Lampard só não estava pronto para assumir um time da magnitude dos Blues. Ainda na Inglaterra, outros dois casos chamam atenção: Ole Gunnar Solskjær e Mikel Arteta.
Amplamente contestado em Old Trafford, o treinador dos Red Devils até conseguiu reequilibrar seu plantel mas, na hora de deslanchar, uma série de problemas surgiu. Arteta, embora esteja vivendo dias melhores no comando dos Gunners, sofreu derrotas acachapantes no início da Premier League.
Diante do cenário e de exemplos recentes que tivemos, não podemos ressaltar outros fatores que não sejam as incertezas. Apesar das boas credenciais no Al-Sadd, do Catar, só o tempo irá dizer se Xavi foi a escolha certa, uma vez que o nível de competitividade do Campeonato Espanhol irá exigir de Hernández outro tipo de postura enquanto treinador.
Tiro no escuro? Talvez. Se os blaugranas acertarem no alvo, Xavi eleva a idolatria já conquistada no Camp Nou a um nível completamente diferente. Se der errado, a imagem do lendário meio-campista jamais será a mesma. Até porque a figura de Koeman também já não evoca a mesma memória de ídolo máximo em seus torcedores.
A moda definitivamente não é garantia de sucesso, mas é a solução mais fácil para clubes que precisam dar respostas rápidas. Infelizmente, alguém pode acabar servindo de escudo humano para erros bem maiores.