Thierry Henry abandona redes sociais em protesto contra racismo: 'Tem que haver alguma responsabilidade'

Thierry Henry anunciou que irá deixar todas suas redes sociais até que essas plataformas se posicionem mais ativamente contra ofensas racistas.
Thierry Henry anunciou que irá deixar todas suas redes sociais até que essas plataformas se posicionem mais ativamente contra ofensas racistas. / Jean Catuffe/Getty Images
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Thierry Henry, lenda do futebol, prometeu sair de todas as redes sociais até que essas plataformas tomem medidas mais severas contra racismo e outros abusos. O jogador apontou que empresas como Twitter, Facebook e Instagram são rápidas para averiguar questões de direitos autorais, enquanto comportamentos tóxicos são tolerados.

O eterno camisa 14 do Arsenal postou uma carta aberta em sua conta oficial do Twitter. Veja abaixo na íntegra:

O 90min fez uma tradução livre. Acompanhe:

"Olá pessoal
A partir de amanhã de manhã eu estarei saindo das redes sociais até que as pessoas no poder sejam capazes de controlar suas plataformas com o mesmo vigor e ferocidade que elas fazem quando você infringe direitos autorais.
O grande volume de racismo, intimidação e tortura mental resultante para os indivíduos é muito tóxico para ser ignorado. Tem que haver alguma responsabilidade. É muito fácil criar uma conta, usá-la para intimidar e assediar sem consequências e ainda permanecer anônimo. Até que isso mude, estarei desabilitando minhas contas de todas as redes sociais. Espero que isso aconteça logo"

As ocorrências racistas no futebol têm se tornado comum, sobretudo dentro das quatro linhas. Em 2019, o ge realizou um levantamento com 163 atletas negros das Série A, B e C; e constatou que quase metade deles já sofreu racismo no esporte.

Thierry Henry Arsenal Premier League
Thierry Henry é um dos maiores jogadores da história do Arsenal. / Claudio Villa/Getty Images

No mês passado, um tribunal da Irlanda optou por não condenar criminalmente um adolescente que enviou abusos racistas a Ian Wright. Vale ressaltar que o jovem admitiu ter proferido as ofensas no Instagram de Wright.

O ex-jogador do Arsenal perdoou pessoalmente o acusado, mas expressou seu desapontamento pela decisão do juiz: "Um indivíduo desejou a minha morte por causa da cor da minha pele. As alegações de nenhum juiz de 'ingenuidade' ou 'imaturidade' jamais serão aceitáveis ​​para nós. A suposta imaturidade e ingenuidade de nossos agressores nunca é um consolo", disse Wright na ocasião.

Luta antirracista

Na Premier League, grande parte dos jogadores se ajoelham antes das partidas em respeito ao Black Lives Matter, movimento antirracista que se popularizou após o assassinato de George Floyd nos Estados Unidos.

Ian Wright Arsenal Premier League
Ian Wright atualmente trabalha em programas esportivos. / Gallo Images/Getty Images

Ainda que seja interessante e válido ver clubes de posicionando nas redes sociais, é preciso fazer mais. As mídias sociais dizem muito sobre a imagem do clube para seus torcedores e público externo, mas o acolhimento dentro das quatro linhas é crucial e não pode ficar restrito aos 280 caracteres do Twitter. Pelo contrário, como aponta Thierry Henry, o grande volume de ódio diluído em alguns comentários é capaz de desestabilizar pessoas, instituições e até movimentos inteiros.