Torcedores do Valencia são condenados a oito meses de prisão por insultos racistas a Vinicius Júnior
- Essa é a primeira condenação por caso de racismo no futebol na Espanha
- Trio foi condenado a oito meses de prisão e proibido de ir a estádios no país
Por Antonio Mota
A Justiça da Espanha anunciou, na manhã desta segunda-feira (10), punições para três torcedores do Valencia por insultos racistas ao atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid e do Brasil. O trio foi condenado a oito meses de prisão e a dois anos sem poder entrar em estádios de futebol no país, além das custas do processos.
Os três espanhóis foram condenados por atos de injúria racial contra Vini Jr. em partida entre Valencia e Real Madrid, no Estádio Mestalla, pela LaLiga 2022/23. O trio foi identificado entre os torcedores do Los Che que chamaram o camisa 7 de “macaco”. Os ataques aconteceram no dia 21 de maio de 2023.
Os adeptos do Valencia foram punidos com base em artigo do Código Penal que aborda o “crime contra a integridade moral”. A sentença foi agravada por “discriminação por motivos racistas”. A LaLiga publicou nota e informou que o clube colaborou com as investigações e expulsou o trio do quadro de sócios da equipe. Em carta, os espanhóis pediram desculpas a Vini Jr., Real Madrid e ao torneio.
É válido frisar que essa é a primeira condenação por um caso de racismo no futebol na Espanha. Até o presente momento, os advogados de defesa do trio ainda não informaram se vão recorrer da decisão.
Nota da LaLiga sobre as sentenças
“Hoje [10 de junho de 2024] foi proferida a primeira condenação por insultos racistas em um estádio de futebol na Espanha, na sequência de uma denúncia apresentada por LALIGA perante os tribunais.
A sentença, que julgou cantos racistas proferidos contra Vinicius Jr em 21 de maio de 2023, no Mestalla, por três indivíduos, considerou os réus culpados de crime contra a integridade moral de acordo com o artigo 173.1 do Código Penal, com circunstâncias agravantes de discriminação por motivos racistas (art. 22.4 C.P.).
A pena ascendeu a 12 meses de prisão, que foi reduzida em um terço devido ao cumprimento na fase de instrução, ficando a pena efetiva para os três arguidos em oito meses de prisão e as custas do processo. Além disso, os culpados serão proibidos de entrar nos estádios de futebol onde se realizam jogos da LALIGA e/ou RFEF por um período inicial de três anos e reduzido para dois anos pelo mesmo motivo processual.
Vale lembrar que o clube local, o Valencia CF, colaborou desde o primeiro momento na identificação dos acusados e procedeu imediatamente à sua expulsão como sócios do clube.
Esta é a primeira condenação deste tipo proferida na Espanha, na sequência da denúncia da LALIGA perante os Tribunais de Justiça, e à qual se juntaram eventualmente a RFEF, o Real Madrid e, nas últimas semanas, a própria vítima, a jogador Vinícius Jr.
Durante a audiência, o arguido leu uma carta a pedir desculpa a Vinicius Jr, à LALIGA e ao Real Madrid, reconhecendo no caso da LALIGA a sua luta contra o racismo e a sua atuação decisiva a nível jurídico e institucional desde o primeiro momento, tanto neste caso como nos outros.
'Esta sentença é uma ótima notícia para a luta contra o racismo na Espanha, pois repara os danos sofridos por Vinicius Jr. e envia uma mensagem clara para aquelas pessoas que vão a um estádio de futebol para insultar que a LALIGA irá detectá-los, denunciá-los e lá terão consequências criminais para eles', afirmou o presidente da LALIGA, Javier Tebas.
'Entendo que possa haver alguma frustração pelo tempo que estas sentenças levam a ser proferidas, mas isso mostra que Espanha é um país garantidor a nível judicial. Neste sentido, da LALIGA só podemos respeitar os tempos de justiça e exigir mais uma vez que a legislação espanhola evolua para que a LALIGA tenha poderes sancionatórios que possam acelerar os tempos de luta contra o racismo', acrescentou o presidente”.