Vasco repudia acusações de racismo feitas por membros da Ponte Preta
Por Matheus Nunes
Na noite dessa quarta-feira (27), o Vasco recebeu a Ponte Preta em São Januário e venceu por 1 a 0, pela Série B. Durante a partida, membros da Macaca alegaram que torcedores do cruzmaltino estavam fazendo insultos racistas à equipe.
O árbitro Rodolpho Toski Marques relatou na súmula que não ouviu esses sons. "Aos 39 minutos do segundo tempo, com o jogo paralisado, o atleta de número 40, senhor Ramon Rodrigo de Carvalho, e o técnico, senhor Hélio Cézar Pinto dos Anjos, ambos da equipe Ponte Preta, informaram ao árbitro que ouviram sons de macaco vindos da torcida do Vasco da Gama".
Nesta quinta-feira (28), a direção do clube carioca emitiu uma nota repudiando as acusações do adversário, e fez questão de reafirmar o compromisso histórico da instituição com a luta contra o racismo.
"Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista", declarou na nota.
O grito em questão criticado pela comissão da Ponte é uma simulação de latido, em homenagem à Yuri Lara, considerado o "cão de guarda" da defesa vascaína. "Condenamos a atitude e lamentamos que uma pauta tão séria seja utilizada da forma que foi. São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim".
Confira a nota completa:
"Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas.
Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista.
Nossa luta não começou agora, mas sim em 07 de abril de 1924, quando escrevemos a “Resposta Histórica”, o maior símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro. O Vasco da Gama se orgulha de ser um pioneiro nesta luta e um ativo defensor de seus ideais, que não esmoreceram com o passar dos anos. E o estádio de São Januário sintetiza a maior da luta do Vasco da Gama contra a chaga do racismo. Foi construído pelos vascaínos como resposta às elites da época que resistiam a inclusão de pretos, operários e imigrantes pobres no futebol.
Portanto, como não poderia ser diferente, condenamos a atitude e lamentamos que uma pauta tão séria seja utilizada da forma que foi.
São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim."